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9.12.2012

Pedro e o Lobo



Certo dia, Pedro [apenas assim, Pedro, sem "passo doble" ou "el conejo" pois esse também já emigrou do país] talvez aborrecido por estar sozinho em Massamá, ainda sem facebook e sem doce ou enfermeira para ouvir a sua cândida voz de menino de coro decidiu improvisar uma brincadeira antes de ir ouvir o "Carv#!@lho" à volta da fogueira ao Tivoli e aclamou, repetidas vezes a retoma do lobo que não havia meio de vir, rindo-se como um perdido, dos Fazendeiros [já sem Range Rovers nem tractores] que se sentiam revoltados e enganados [sobretudo pelo Paulo não lhe ter cantado o "e depois do adeus"]. Nisto já quase descabelado de tanto rir, eis que embala em timbre de "três tenores" [em alemão Troika]  não para a aparição de Fátima [pois uma retoma nunca deve ser um acto de fé] mas para o tal lobo, desta vez aparentemente bem avistado lá para os lados de 2011 Odisseia no Espaço [mas com mais 10 anos de folga] que lhe começa a matar a ovelha Cristas, o pastel de nata Álvaro, e até o bichinho Gaspar, gritando aflito para todos: - Mas porque é que ninguém me ajuda? Agora fiquei sem bicharada... Quando, eis que das Relvas insurge ao discurso um eco Maçon "esta história não acaba assim" falta o moral da história: Nunca se deve enganar "os outros" apenas o mexilhão, Oh Pedro... Estudasses...



5.19.2010

O Filosofo


Depois de ouvir um bocadinho [pequeno] do nosso primeiro ministro ontem na TV, veio-me à memória esta frase que ouvi recentemente e me pareceu muito, mas muito bem: "Se estamos mesmo destinados a seguir o caminho dos gregos, então que tal começarmos por envenenar Sócrates com cicuta?"

4.21.2010

Still waiting for the witch

Só me faltava agora também o senhor queque, pseudo-brazonado, a chatear-me o juízo por ter rasgado o seu lindo, magnífico, esplendoroso e caríssimo casaco de pele de antílope Façonnable no andaime dos trolhas. Meu caro senhor, é com o maior prazer que lhe dou o contacto do líder trolha, mas deixe-me que lhe diga que me quer parecer que nesta selva os antílopes também deviam saltar e não ter falta de vista. Passar bem!

4.17.2010

Dia bem passado

Levantar cedo [acordado pelos homens das obras a horas pornograficamente impróprias]. Pirar-me logo de seguida. Troca do jogging habitual por uma sessão intensíssima de gym [apenas por causa da chuva, pois não sou grande fã de ginásios]. Banhoca demorada e revigorante. Roupa descontraída para tempo entretanto solarengo. Programa com a mãmã [um bocadinho em baixo e a precisar de ser animada]. Almoço lento e confortável, exposição e concerto comentado na Gulbenkian [na minha modesta opinião, a sala de espectáculos mais bonita de Lisboa, com vista para o lago e jardim por detrás do palco] e ainda tempo para comprar quatro estampas lindas de morrer pelas quais me apaixonei de imediato e que provavelmente terei de puxar pela imaginação para onde as colocar. Orquestra sinfónica e jazz em três actos, Gershwin e Duke Ellington com Mário Laginha. Sala cheia, público de todas as idades, alegria e boa disposição. Regresso a casa. Dia muito bem passado.

3.29.2010

Serviço Público*


1. Ligar para o operador de internet e dizer que querem saber como dar baixa do serviço porque estão a pensar mudar para o Meo

2. Não vos deixarem acabar de falar, não vos explicarem rigorosamente nada de nada e oferecerem logo, de mão beijada, e com uma voz desesperada, um desconto de 20% na vossa factura

* ou, não é que isto agora é como nos ciganos?

3.28.2010

Comédia grega ou chamem a bruxa sff


1. Mudar a casa de banho e o empreiteiro simplesmente desaparecer, deixando não apenas de atender o telemóvel e a obra a meio, como deixando todo o seu material em minha casa.


2. Acabar a casa de banho e ficar com uma valente infiltração na mesma, fazendo estragos na cozinha e no vizinho de baixo.


3. Verificar que, devido à mudança de banco [por me ter chateado com o meu por incompetência] o novo seguro multi-riscos não cobre infiltrações, apesar de ter solicitado um exactamente igual [a incompetência vem ao de cima normalmente quando surgem os problemas, até lá está normalmente sempre tudo bem].


4. Assumir os estragos [incluindo os do vizinho, que ainda por cima me quer fazer de parvo], partir e arranjar novamente a casa de banho, tudo aparentemente resolvido e... verificar que só se consegue tomar banho a escaldar [ou seja, não se consegue] ou gelado [também não se consegue], ele há coisas fantásticas, não há?


5. Chamar o fornecedor da cabine de duche, que empurra para a marca do esquentador que por sua vez empurra para os senhores da rede de água, que por sua vez empurram em todas as combinações possíveis, numa verdadeira triangulação amorosa, só que ao contrário.


6. Vários telefonemas, facturas, tempo precioso e paciência nos limites, lá se chega à conclusão [aparente] que o problema tem a ver com a pressão da água da rede mas que com um ligeiro acerto no esquentador lá se resolve a coisa.


7. Para arranjar o tecto da cozinha devido às referidas infiltrações o iluminado novo empreiteiro [apesar de ter um escadote com quase 2 metros à frente dos olhos] decide encavalitar-se em cima da bancada da cozinha e, como era elegante, partiu-a, não num mas em dois locais.


8. Semanas infindáveis para vir uma pedra igual, ao que depois afinal não era possível, e escolhida uma nova lá se instala a dita, mas... [há sempre um raio de um mas, brrrrrr] ao tirar a placa eis que fica um cheiro intenso na cozinha, que ao primeiro dia ainda se supõe ser do silicone, mas que ao segundo se comprova ser fuga de gás.


9. Chamada para o piquete do gás. Fuga comprovada e gás cortado.


10. Ligar para empresa certificada para reparar problemas de gás e inspecção técnica obrigatória para atestarem resolução do problema e passarem certificado de conformidade e mais uma factura exorbitante. Nem, ao menos, enviaram a polaca do anúncio [publicidade enganosa, acho mal], mas enfim, lá se resolve a fuga.



Posto isto, e encarando com o humor possível esta tragédia/comédia grega [e tendo a certeza que ainda não ficará por aqui], põe-se a questão pertinente que levou a estas linhas: se conhecerem alguma bruxa de confiança [polaca ou não] façam o favor de avisar.

3.21.2010

Allegro Giocoso

Finalmente [e após quase 1 ano] consegui mudar o cartão do GPS, fazer as actualizações e comprar os mapas de Espanha. Devo confessar que, continua a não acertar nas direcções, mas a voz da ArianaIT [Italiana] é de longe muito mais interessante.

2.17.2010

Republica das Bananas

Após ter surripiado por três vezes a compota da despensa, seu pai admoestou-o.
Depois de ter roubado a caixa do senhor Esteves da mercearia da esquina, seu pai pô-lo na rua.
Voltou, passados vinte e dois anos, com chaufeur fardado. Era Director Geral das Polícias. Seu pai teve um enfarte.

Mário Henrrique Leiria



Vivemos num país de novela "amexicanadó-surrealista" com puros momentos de britcom. Algo único, entre o "enfarte" e a piada hilariante inimaginável [é parte do que penso realmente] mas acontece que vou ter de preparar uma apresentação, muito séria, com argumentos credíveis e que transpire confiança sobre o nosso lindo país, pelo que:

1. vou ter de falar de coisas que não acredito, mas tem de ser, e, por vezes, o "ter de ser" tem muita força e

2. quer-me parecer que o título do post, as suas personagens e o texto introdutório não devem ser muito boa opção.

Wish-me luck!

11.12.2009

Brand New World

Gosto de ir a conferências. Inscrevo-me, sempre que posso por minha livre iniciativa e custeio e aproveito todas as hipótese que tenho para o fazer [profissionalmente ou quando surge um convite ou oportunidade, já que não posso ir a todas as que gostava pelos custos serem, tantas vezes proibitivos].

Quase nunca dou por mal empregue o tempo e dinheiro pois sou exigente e criterioso nas escolhas [não ficando a matutar que o podia ter empregue naquele gadjet ou naquela viagem], apesar de, por vezes [reconheço] ficar boquiaberto e um pouco “lixado” com a diferença abissal para com alguns dos oradores nacionais.

Sou contudo incapaz [mesmo quando oferecidas ou pagas por outrem] de não estar atento e não absorver ideias priveligiadas como uma esponja [e faz-me uma certa confusão quem desperdiça essas oportunidades].

Faço-o, [não só] mas sempre que mudo de área profissional ou de função, tentando assimilar conceitos, tendências e novos modelos de negócio ou paradigmas emergentes, antes de começar a comprar uma panóplia de livros técnicos sobre os temas que mais me despertam atenção e curiosidade.

Hoje tive o prazer de assistir a um dos Gurus da Economia do conhecimento, inovação, tecnologia e competitividade, Soumitra Dutta, que apesar dos seus créditos reconhecidos e notoriedade se apresenta com a humildade de “ter nascido na Índia, estudado nos EUA e vivido na Europa”, fazendo de si a imagem de “mero” homem global.

Sai com a sensação estranha de que existe um mundo a evoluir noutra divisão, numa velocidade diferente da nossa [talvez pequenez], fascinante mas que nos passa ao lado [mesmo que nos achemos informados], apesar de estar, também, cada vez mais ali ao lado.

Deixou-me, entre outras, uma pergunta complexa a ecoar [apesar de nos ter dado as suas reflexões e conclusões e concordar com parte delas]: “Technology makes us better humans?” e uma afirmação surpreendente que também faz pensar: "Produzem-se actualmente mais transístores que bagos de arroz".

Gosto de afirmações surpreendentes, mas gosto tanto de boas perguntas.

10.18.2009

Let's do it

Pronto! A apresentação de defesa de tese está finalmente fechada [e, está claro, sem qualquer troca de impressões com o Tino].

Começa com a imagem de cima e e termina com um video [apesar de não explicitar aqui os seus contextos].

Espero apenas que o iceberg não vá ao fundo e que os argumentos "Escoceses" se aguentem às esperadas intimidações "All Blacks" sem nódoas negras ou outras mazelas.

A ver vamos... também é já esta semana.



As melhores apresentações que assisti [ou fiz] valorizaram sempre a oralidade à escrita. Suportadas por apresentações simples, mas bem pensadas, com boas doses de humor, imagens ou frases fortes e tentando, sempre que possível, uma certa provocação ou o incómodo. Desta vez não vai poder ser assim, dada a excessiva tradicionalidade académica. Vamos ver se mesmo assim não é demais.

10.16.2009

Check please

Sempre admirei a capacidade humorística oculta, de certas pessoas, que descubro, às vezes , por casualidade, ao lado da mesa do almoço. Após, por exemplo:

  • um anafado bife com ovo a cavalo,
  • batatas fritas a boiar em molho [pois está claro],
  • mostarda, ketchup ou maionese [como se ainda não bastasse]
  • ausência de qualquer cor verdejante no prato transbordante,
  • pão com fartura,
  • cerveja ou refrigerantes [em pelo menos múltiplos de dois]
  • e, para rematar, a maior fatia de bolo existente [que daria, ela só, para ficar almoçado e jantado] e ainda com olhar desconfiado se seria mesmo a maior

fazem muita, mas muita, questão em pedir adoçante para o café.

10.11.2009

Política 0 - Jornalismo 0

"Regressei de três semanas longe, vim deparar-me com um espectáculo (mais um) inédito: todos os principais candidatos às legislativas e autárquicas desfilam, obedientes, tementes e esforçando-se para mostrarem sentido de humor, em entrevistas a um programa de entretenimento, cujos relatos têm depois uma ampla cobertura jornalística. Claro que não está em causa o valor dos Gato Fedorento, mas apenas o princípio: se a informação está agora a cargo dos humoristas, qual será o papel dos jornalistas no futuro breve – contar anedotas? Depois da política-espectáculo, eis que demos o passo seguinte: o espectáculo-política. E todos acham normal.”

Miguel Sousa Tavares


Concordo em absoluto. Apenas tenho dúvidas qual dos dois sectores se encontra mais moribundo.

7.23.2009

Extenso mas perfeito

Quando me perguntarem opinião quanto à política de transportes e obras públicas nacionais, simplesmente remeterei este texto sem qualquer palavra adicional. Obrigado Miguel. Subscrevo na íntegra!


Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha, na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre São Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de São Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não "pendula"; e, quando "pendula", enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de "modernidade" foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o professor Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!


Miguel Sousa Tavares in "Esta noite sonhei com Mário Lino"

7.02.2009

Twillight Zone



Recentemente, sempre que vou fazer o meu jogging [seja a que horas forem] cruzo-me com uma figura retirada dum filme do David Lynch. A princípio até achava alguma curiosidade ao exotismo daquela figura, mas com os recorrentes encontros [sistemáticos] de 3º grau o sentimento passou a ser de "medo-medo-medo". Falo-vos de uma sexagenária de óculos escuros [mesmo de noite], bronzeadérrima e de peles descaídas, mais fácil para visualizarem: igual à mãe da Cameron Diaz nos doidos por Mary mas vestida desportivamente em cores rosa choc berrantes e com uma passada acelerada de marchadora compulsiva. Ou seja, não sei quando ocorreu. Nem me lembro de ter aberto "a porta com a chave da imaginação". Mas definitivamente entrei na "Twillight Zone". Tiririri Tiririri

6.17.2009

Suspiros e Merengadas*

Não gosto do Cristiano Ronaldo, pronto. Acho-o um bom jogador (esforçado e dedicado), mas quanto a mim, está longe de ser o melhor de todos os tempos. O facto de estar repleto de defeitos de personalidade (destacando a gritante falta de humildade e ausência completa de preocupações de responsabilidade social, normalmente presente nos verdadeiros ídolos) contribui fortemente para esta opinião.

Acho, portanto, perfeitamente ridícula a histeria colectiva à volta da sua transferência multi-milionária e sobretudo a cobertura mediática à volta de um simples jogador de futebol (incluindo as proferidas por algumas personalidades públicas a quem dou alguma credibilidade e isenção). Será que não existem feitos ou personalidades muito mais interessantes a relevar, inclusivamente no panorama nacional?

A única coisa positiva talvez seja pouparem-nos da já enfadonha crise económica ou na gripe dos “três-porquinhos”, da parte da, também fastidiosa, comunicação social nacional.

Faz-me ainda mais confusão, os suspiros de certas meninas, sobre tal personagem. É certo que tem um corpinho jeitoso (tudo bem), mas daí a ser um ícone de beleza masculina, convenhamos: cara de saloio (normalmente suada), vestes de gosto inqualificável (com o único requisito de serem caras) e um penteado “gelatino-pó-esquisitóide”. Se o fervor for a conta bancária, mesmo mantendo-nos no mundo futebolístico, estou certo que encontraremos personagens bem mais cativantes ao olhar.

Assim, quando certas amigas suspiram, na minha presença, pelo Cristiano Ronaldo descem consideravelmente na minha consideração e, acreditem, nada ter a ver com inveja ou sentimentos dessa natureza. Gostos não se discutem, é certo, mas se aqui o "je" fosse “gaja” exigiria, no mínimo, (até para provar a ausência de preconceitos) uma personagem assim para suspirar e, já agora, que não desse chutos na bola. Tenho dito.


* ou c@ralinho para o Ronaldinho porque já não há santa pachorrinha.

Perdoem-me o palavreado não habitual e a futilidade gratuíta, mas eu até prefiro o Barcelona e este post auto-destruir-se-á após a leitura imediata, pois até me faz calafrios pensar que perdi, breves segundos que sejam, a escrever estas linhas sobre esta personagem.

6.16.2009

Orgulho nacional


Após o seguimento em directo na SIC Noticias da comissão parlamentar de inquérito do caso BPN (com a presença do governador do Banco de Portugal) ficou provado pelo menos uma coisa muito importante: Não é que finalmente conseguimos ter uma telenovela ao nível das da Globo.

6.11.2009

O trauma da morada

Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada. Por exemplo. Há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide. Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide. Nunca mais ninguém o viu. Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia!

Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em -ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide. Um palácio com sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que umas águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço.

Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre imediatamente quem disser que mora em Massamá, Brandoa, Cumeada, Agualva-Cacém, Abuxarda, Alformelos, Murtosa, Angeja… ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola. Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz de Pau. (...)

Ao ler os nomes de alguns sítios – Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na CEE. De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar?

Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses. Imagine-se o impacte de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar. Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho). E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?". Só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz).

É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro? Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda. Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso?

Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas? É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra". Ninguém é do Porto ou de Lisboa. Toda a gente é de outra terra qualquer. Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir. Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro).

É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros ("I am from the Fountain of Drink and Go Away..."). Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa. Verá que não é bem atendido. (...) Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte de Lima! Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros. Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo Não Sei, A Mousse é Caseira, Vai Mais um Rissol. (...)

Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do "Bogadouro"¹ (Amarante), depois de ter parado para fazer um chichi em Alçaperna (Lousã).

¹ - Bogadouro é o Mogadouro quando se está constipado!!! "


Miguel Esteves Cardoso

6.05.2009

Surpresa

Vi hoje na televisão* (que por si só já seria uma novidade) um dos melhores documentários que já tive o prazer de ver, em horário nobre, num canal de serviço público e com um conteúdo e uma qualidade fotográfica simplesmente soberbos. Do melhor que vi até hoje.


* Canal 2, Home - O Mundo é A Nossa Casa

É oficial...

... Despedi-me!

5.30.2009

Pleurer

Parece que a nossa jovem promessa do ténis, Michelle Brito, apesar de ter perdido na 3ª ronda do famoso torneio Roland Garros, conseguiu irritar fortemente a sua "parvinha" adversária gaulesa com os seus estridentes gritos. Deixa lá Michelle não fiques triste, ainda só tens 16 aninhos e pode ser que a Nike ainda te contrate para um video destes a lembrar a Sharapova, que fazia o mesmo e ninguém se importava.

Assíduos do shaker

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