2.26.2011

A mala das palavras

Olhava para as pessoas comuns e ouvia-as sempre sem som, esvaziadas de palavras. Tentava antes ler-lhes o que morava por dentro delas: os gestos límpidos e inatos, alheios ao movimento fácil dos lábios. Ás vezes ouvia-as com o barulho do mar ou colocava-lhes uma banda sonora, escolhida cuidadosamente, que lhes prendia os gestos num movimento mais lento, e ficava assim, ali, a olhar para elas, absorvendo a sensibilidade inocente, impossível de encenar neste mundo de palavras gastas e faz-de-conta. Falava cada vez menos, refugiando-se em longos textos sentidos que rasgava por não querer falar sobre eles. Abraçava as amizades com quem privava com uma força frágil e demorada de quem abraça o vento. Abria um bom vinho e preparavam entradas inventadas que serviam de jantares tardios onde se falava de tudo quase sem palavras. Percebia a escassez do tempo e a magia do silêncio partilhado. As palavras? essas oferecia-as com a pimenta do humor e no sal de um beijo colado à testa.

2.19.2011

Se

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.


Sophia de Mello Breyner Andresen

2.07.2011

Inside


Massive Attack, Sam

Onde sentes a alma? Na cabeça? No peito? Em frio ou calor? Abraçada, por dentro, na quietude mais fina e tranquila ou num movimento de nuvem irrequieta? Onde sentes a alma? Quanto mostras do que dela mora em ti?

2.04.2011

Arquitectura #19

Espaço amplo. Pés direitos estupidamente altos. Paredes de tijolo estragadas pelo tempo. Contraste do metálico antigo industrial com apontamentos modernos de design simples: mornos, tácteis e rectilíneos. Um conforto descontraído, simples e despido. A minha cara.

Também podia ser assim portanto!

Assíduos do shaker

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