1.23.2013

Caminhar


Deixa a mão
caminhar
perder o alento
até onde se não respira. 


Eugénio de Andrade

1.12.2013

Arranhão de luz


Alinhava cerejas por cima do teu corpo nu e fotografava a tua cor plasmada na sombra das paredes, a derruba-las com a respiração. Havia algo que falava naquele pássaro aprisionado na tua mão. Havia uma palavra, tricotada aos teus lábios, ainda por dizer. Havia um arranhão no lençol amarrotado, que mais ninguém via, só eu.


Foto daqui 

1.08.2013

Entardecer


Apertaram-se com força e deixaram os rostos encostados, âncorados, balanceando na ondulação. Sem nada dizer, sem convidar as palavras, sem levantar vela.

A saudade é uma cicatriz invisível, que envelhece no avesso do corpo mas cujos dedos sempre reencontram no escuro, aflitos de lhe perder os laivos dourados do entardecer. 

Tocaram-se ao de leve e demoraram o olhar. Percorreram rugas e imaginaram as ruas estreitas das suas vidas, sem nada dizer, sem nada perguntar, sem nunca se cruzar. 

Apenas aquela brisa a rodopiar, sem levantar vela, com força.



Assíduos do shaker

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