Escondia-se atrás de um poema, tapava-se com ele e deixava a música soprar uma brisa, a tocar. Levantava-se pouco, apenas para trocar o CD ou para contemplar o silêncio sapiente das árvores. Às vezes, preparava uma bebida e recordava, surpreso, imagens que aparecem sem bater à porta e nunca se conseguem apagar ou recusar a entrada. Falava-lhes com a voz inaudível que apenas sobrevive a levitar por dentro dos corpos, de tão frágil e sedosa. Mordia os lábios devagar e fechava os olhos com muita força. Adormecia com os teus olhos. Os teus olhos abraçados aos seus, ondulando, no escurinho das pálpebras fechadas.
2 comentários:
[Ao fundo, a recortar a paisagem, um mar mais vasto que toda essa saudade a embalar esses olhos]
Perdi-me com esta frase: "Adormecia com os teus olhos. Os teus olhos abraçados aos seus, ondulando, no escurinho das pálpebras fechadas." lindaaaaaaaa bjs
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