7.05.2009

De onde nunca parti

Era pátio interior, abandonado. Guardado por quatro paredes e um céu de noite infinita. Esquecido, talvez pelo mundo apressado. Descoberto, ao acaso, há muito tempo atrás. Era um pátio com abóbadas redondas e pilares antigos, de texturas atentas e azulejos coloridos. Um pátio com paredes gastas, cobertas de uma frescura de trepadeira misturadas na velha fonte central. Um pátio nocturno de noites quentes de verão, iluminado a lua e a danças lentas de velas ao vento. Um pátio com pouca gente, comungando em silêncio ao som de trastes de guitarra clássica. Vibrando, nas peles bronzeadas. Arrepiando a alma num gesto inexistente mas presente. Era um pátio de uma tranquilidade impossível. Inatingível. De encher os corpos. De paz. Um pátio que guardo até hoje de uma noite perfeita. Um pátio que creio, nunca ter realmente partido. Que, de quando em vez, me visita a memória para me trazer de volta uns pés descalços e uma relva molhada sob um céu infinito. Estrelado. Era um pátio perfeito. Onde apetece entrar e mergulhar despido, mas nunca, nunca mais partir.

3 comentários:

um perfeito estranho disse...

Nunca partimos de onde fomos felizes.

XinXin

© disse...

levaste-me até sevilha. um pátio lindo, uma noite de verão... interminável. :)

Anónimo disse...

Gosto do lugar.
Onde é?

Assíduos do shaker

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