4.20.2009

Anatomia de um poema

Abri um poema. Entrei. Remexi. Palavras nevavam na pele. Quente. Despida. Numa cadência inconstante. Durando para lá do efémero da sua existência. Ritmos e pausas conduziram-me a um jardim nocturno. Despercebido do mundo. Cor de fresco descalço. Com laivos de lua. Sentei-me, num banco de madeira, envelhecido pelo tempo. A falar com o silêncio. Exausto de beleza. Desnudado de mim. Tirei um fruto, num esticar de braço, e mordi o sabor da tua boca ao sair do mar. Perdi-me num barco à vela e deixei-me levar. Lento. Ondulando, de nuvem em nuvem. Num azul de Creta. Num embalar de vento. Quando o fechei senti o barulho a ecoar e o pó da capa a dissipar-se na luz. Quando o fechei senti-o preso, em mim, e não me deixou acordar.

1 comentário:

NoLogo disse...

adoro poemas. em tempos adorava escrevê-los! obrigada por este post!

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