7.07.2008

Preguiça dourada em lume brando

O peso dos ponteiros sobre os ombros nus. Empurrando-o para aquele estado embevecido. Algures entre um sono manso e um olho aberto no corpo imóvel. Despercebido do mundo. Despercebido de tudo. Um espreguiçar na areia quente. Um escorregar do tempo no esquecimento. Pelas ampulhetas sem vidro das suas mãos remexendo passados e futuros sem dar qualquer passo. Sem nada querer ou fazer. Apenas permanecendo. Ali. É complexo, permanecer. Uma eternidade da qual pouco se repara. A primeira e última resistência – o permanecer. Eis que surge uma pequena tentativa de movimento. Quase um esgar. Uma ameaça. Mas não. Ainda é cedo. Mais um pouco deste revirar em lençol de seda. Mais um afago de almofada. Um adiar de realidade. Mais este queimar de pôr de sol, ainda desfocando a vista numa dança dourada de fogo. Os segundos soando numa brasa sem chama. Quente. Irresistível. Um bocejar que se prolonga na pele. Um dia que acaba sem começar. Permaneço. Permaneço. E nada me move. Nada me seduz. Nada brilha mais que esta luz.

Capítulo Segundo: Preguiça (aqui publicado) e Inveja em Andromeda-News

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