4.25.2013

A escultura da pele


A mão percorre, de olhos fechados, a escultura de linhas aguçadas. São punhais que afaga, não arte. Desliza lentamente, apertando-a com a força suficiente. Até sangrar, sem que a dor lhe aumente ou transforme a alma. Apenas uma mão cerrada, sem pressa de partir, sem nome, sem lugar. O sangue a escorrer, espesso e delicado, tomando caminhos esquecidos daquela mão imóvel, tingindo o seu calor pela pele. Tudo é possível de sentir com os olhos fechados. Tudo é possível agarrar ao avesso da luz. Tudo. Abertos os olhos a mão volta à rotina. O corpo recupera algo de antigo, amputado por breves momentos. A mesma dor no entanto, incauta, algures pela copa das árvores a acenar ao vento.

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