2.24.2012

Obscuro domínio


Amar-te assim desvelado 
entre barro fresco e ardor. 
Sorver o rumor das luzes 
entre os teus lábios fendidos. 

Deslizar pela vertente 
da garganta, ser música 
onde o silêncio aflui 
e se concentra.

Irreprimível queimadura 
ou vertigem desdobrada 
beijo a beijo, 
brancura dilacerada 

Penetrar na doçura da areia 
ou do lume,
na luz queimada
da pupila mais azul, 

no oiro anoitecido
entre pétalas cerradas,
no alto e navegável
golfo do desejo,

onde o furor habita 
crispado de agulhas, 
onde faça sangrar 
as tuas águas nuas.

Eugénio de Andrade

2 comentários:

Ana disse...

=)

[Ariana Aragão] disse...

Saudades tuas. [muitas. tantas.]

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