12.09.2011

Uivos do silêncio

"Esse silencio todo me atordoa. Atordoado eu permaneço atento"

Chico Buarque


Desligava o botão do mundo muitas vezes. Sentava-se sem grandes confortos, encostado a uma árvore antiga, trincando uma maçã num qualquer sopé pouco acessível, desfrutando dos uivos do silêncio, que entreabriam ao acaso inícios de livros ainda por inventar. Depressa os largava, soltos, para observar os seus movimentos, pois as histórias não se fizeram para estar aprisionadas ao papel, mas para serem livres como aves migratórias, que quando querem regressam à terra natal. Regressava sempre melhor. Regressava sempre com vontade de partir com elas.




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