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Levantar devagar. No espreguiçar dos gatos nas vidraças. Escrever dois textos curtos mas de horizonte largo. Tocar uma sonata de Schuman e fechar abruptamente o piano, de repente, libertando na sala o barulho de todas as notas numa só, colada às paredes. Acordar devagar como uma música que tudo revela a seu devido tempo, devagar. Olhar os pássaros no balançar dum ramo mais alto do que o que contem o olhar. Esticar o tacto num afiar de unhas, devagar. Passar a mão pelo relevo de um poema e sentir a cicatriz da sua voz a entranhar-se pelo corpo. Abrir a tua blusa, devagar. Tirar fotografias ao acaso para eternizar o nosso tempo. Viver devagar. Morrer, depressa.
1 comentário:
Passando para desejar um bom final de semana!
Beijos meus
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