1.20.2011

Tempo [de mudar o tempo]

Vive-se cada vez mais num tempo que nos foge como água nas mãos. Um tempo que é o mesmo que sempre foi mas que deixou de ser verdadeiramente nosso. Por mais conscientes ou atentos, deixámos o tempo partir. Permitimos que sumisse de solidão, de falta de conversa ou afecto, deixando-o à deriva e ao seu relógio que sussurra para todos sem se deixar ouvir.

Vive-se num tempo pelo qual passamos tantas vezes alheados das verdadeiras questões ou de nós próprios. Tantas vezes quase sem tempo para pensar ou questionar o mundo, desejos ou vontades, nesta estúpida velocidade que inventámos sem darmos conta.

Vive-se mais de idade mas viver-se-à melhor? Indubitavelmente menos, estou em crer. Num tempo que observa atónito a nossa loucura colectiva, correndo para tudo, competindo por falsas urgências ou velocidades tão vãs que acrescentam afinal tão pouco.

Vive-se no tempo dos assassinos do tempo. Num tempo sem tempo, arrastados na correnteza e carneirada, impotentes, perdidos, algures longe de nós. Por isso paremos. Paremos para pensar e para apreciar o que se desfoca na velocidade estonteante. Paremos e olhemos o tempo de frente e o tempo que nos rodeia - o que passou, o que se vive, o que virá. Paremos para dizer ao tempo que ainda é tempo de mudar o tempo.

1 comentário:

[Ariana Aragão] disse...

[é sempre tempo. sempre.]

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