5.08.2010

O que há-de vir

Hoje o rio estava com pressa, todo ele corria, todo ele mexia, e no seu movimento calado, soltava um gemido suspenso, que agitava os pássaros e acordava as plantas. Corria molhando a roupa, colando-a ao peito, dançando na magia simétrica do seu reflexo: água, entre o céu e a terra.

Hoje o rio estava com pressa e descia apressado, sem vontade de olhar para trás, deixando a paisagem imóvel, estática de atenção. Com ele e a sua pressa um rasto de mil texturas e arrepios.

Hoje o rio estava com pressa, arrastando com ele, os seus olhos lentos, mergulhados na sua correnteza, deixando-se levar de azul em azul. Ela e o rio, os dois, de mãos dadas num só, deixando-se ir, na pressa do nada, na pressa do que há-de vir.

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