4.19.2010

Jardim de anémonas


Hoje oscilam imagens difusas dentro de mim. Espalhadas por um sopro quente do suez, sem nome nem idade, percorrendo o corpo soltas, à deriva. Imagens ténues e esbatidas, tentando assentar. Aparições do sangue e da alma, viajando livres numa corrente sanguínea, num novelo enrrolado na lividez do deserto. Imagens com passos de lã, descalças, encontrando outras e dando as suas mãos, ganhando um breve sentido, numa escassa nitidez momentânea - breves segundos, infinitos nos ecos. Imagens trazidas dum tempo alado: desconhecido ou esquecido, talvez um tempo que ainda não existiu mas que se sente já nosso sem saber porquê. Imagens rebentando em ondas de maré, que sempre levam o que trazem, mas que sempre deixam a areia da pele molhada num vasto jardim de cactos e anémonas: a crescer, a crescer, a dançar, ondulando, ligadas por um silêncio suave que nos sussurra ao ouvido. Hoje oscilam imagens dentro de mim, acendem e apagam, agarram e largam nas suas ventosas macias. Escutam, arrepiam e dizem coisas, muitas coisas, mesmo escorregadias, mesmo fugidias.

4 comentários:

Poetic Girl disse...

Uau que bonito! bjs

Maria disse...

Soberbo e exprime tudo o que estou a sentir "oscilam imagens dentro de mim"...Oscilam muito mais que imagens, RECORDAÇÕES. Beijinhos

Quase disse...

Deixas-te imagens a oscilar cá dentro....
Lindo texto, Dry Martini, muito lindo.

XinXin

Pi disse...

beautiful...,

beijo grande,

Assíduos do shaker

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