3.09.2010

O coração dos frutos

Porque é que os relógios pararam? e o tempo deixou de fazer tanto sentido? Porque é que os braços teimam em não se levantar? e os passos são mais frágeis, mais circulares? Porque é que os olhos andam longe, com os pássaros? e mora no sangue uma dor miudinha, que dói como um corte de folha de papel? Porque é que se olha o som dessa chuva? e o avesso, que lhe está por trás? Porque é que as maças dormem serenas na relva? e no seu descanso bate um coração? Porque é que o mar inunda a minha cama? e não me leva da ilha onde me deixou? Porque é que fecho a mão com tanta força? e as veias reagem mais lentas? Porque é que há pollaroids espalhadas pelo chão? e só uma imagem nasce e renasce e me invade e percorre a alma? como o coração a palpitar dentro dos frutos afinal acordados.

3 comentários:

um perfeito estranho disse...

Há silêncios que terminam com palavras assim. Não páres de os ouvir, deixa-os crescer e sair.
(valeu a pena, vês? era só uma questão de tempo. E os silêncios também precisam de tempo.)

Quase disse...

Depois das últimas coisas que li aqui "atrevo-me" a dizer:
"Ainda bem que voltaste :)"
Xin Xin

Dry-Martini disse...

Um perfeito estranho: Este silêncio não é esse que veio de trás. Foi um silêncio que gostava que não fosse necessário, um silêncio que dói.

Quase: A xôdotora é muito simpática :)

XinXin

Assíduos do shaker

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