3.02.2010

Medo


Morro e escrevo, cada vez mais. Escrevo para que não me atraiçoe a memória, para verter emoções e aprisionar o momento irrepetível numa película de filme fina, frágil, preciosa. Escrevo para poder eterniza-lo, ali, sempre à mão, para o rever quando quiser. Morro para me tentar esquecer e quando o faço parte sempre para longe algo de mim, que me é confiscado, que viaja com essa mágoa, com essa tristeza, abandonado às mãos do tempo, incontrolável, à deriva, longe da minha mão. Morro assim diluído, mas nunca parte tudo, apesar de morrer. Morro e escrevo, cada vez mais. Às vezes não escrevo o suficiente, outras, deixo-me morrer demais.

a itálico frase de um poema de Tiago Araújo

3 comentários:

Poetic Girl disse...

Acho que todos passamos por essa fase em que nos deixamos morrer um pouco. Sim escrever ajuda a recordarmos uma parte de nós que por vezes nos parece distante. bjs

um perfeito estranho disse...

Escrever também pode ser deixarmos morrer um bocadinho de nós em cada palavra que sepultamos no papel. E isso (sabes?) não é necessariamente mau; cada pedacinho que vai morrendo, dá lugar a um outro que (re)nasce.

Pi disse...

bonito.!
bjo

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