Apetece-me escrever. Uma ebulição de coisas soltas que gravitam. Aqui, acolá, vindas não sei se de dentro, se do exterior de mim. Apetece-me escrever mas não consigo. Adio-o. Adiando o inadiável, enquanto um mar de coisas cresce, a bater nas minhas paredes
Apetece-me escrever mas não sei como. Escrever como nunca escrevi. Escrever duas histórias entrelaçadas, numa só. Duas histórias talvez ainda sem história. Talvez ainda por descobrir o caminho. Duas histórias procurando-se nas folhas escritas. Escritas de uma forma diferente. Com a voracidade de um incêndio. Escritas do inicio para o fim, do fim para o princípio, para os lados, com muitos parêntesis para recuperar o fôlego, com muitas histórias dentro das próprias histórias. Com frases e imagens recorrentes como um eco ou uma música. Duas histórias a galope. Famintas de encontro. Famintas de tempo. Um tempo cujo pêndulo do relógio se imobilizou, ampliando as coisas e os sentidos.
Apetece-me escrever no meio do mar, nadar para longe, para lá da rebentação. Nadar até me faltarem as forças e ficar por ali, sentindo o cansaço e o ondular do corpo. Aguardando o assentar das coisas, numa aberta de sol que entretanto se fez, curiosa talvez. Pode ser que aí encontre essa escrita. Pode ser que aí me encontres, também. Pode ser que aí te consiga escrever.
2 comentários:
Apetece-me escrever-te algo, mas não me saem as palavras...;
quantas vezes dou por mim no mar, em terra, ou à deriva, com histórias entrelaçadas que nunca chegam a ganhar forma....
E uma ânsia de escrever,...,
quem sabe no meio do mar, um dia nos cruzamos, e então se dê o encontro da nossa escrita.
:)
um beijo,
P.S e não pares de escrever...
escreve, só escreve. tudo o que te vai na alma.
apetece-me. ;)
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