6.25.2009

Poema desnecessário

Este poema é absolutamente desnecessário
pela simples razão de que poderia nunca ser escrito
e ninguém sentiria a sua falta
Esta é a sua liberdade negativa a sua vacuidade dinâmica
e o movimento da sua abolição
a partir do seu vazio inicial
Mas qual é a sua matéria qual o seu horizonte?
Traçará ele uma linha em torno da sua nulidade
e fechar-se-á como uma concha de cabelos ou como um
[útero do nada?
Ou será a possibilidade extrema de uma presença inesperada
que surgiria quando chegasse a essa fronteira branca
que já não separaria o ser do nada e no seu esplendor absoluto
revelaria a integridade do ser antes de todas as imagens
a sua violência inaugural a sua volúvel gestação?


António Ramos Rosa

5 comentários:

um perfeito estranho disse...

Há sempre alguém que sente falta,
mesmo que ainda não saiba.

(tenho uns cadernos iguais a esse, onde me escrevo.)

XinXin

Anónimo disse...

Os poemas são sempre necessários.
Que seria da vida sem poesia?

Nirvana disse...

Um poema desnecessário até se ter tornado poema. A partir desse momento, deixa de ser desnecessário...

A Respigadeira disse...

"pela simples razão de que poderia nunca ser escrito e ninguém sentiria a sua falta"

Como podemos saber?

Beijinhos

[Ariana Aragão] disse...

Nenhum poema é desnecessário.

[nenhum]

beijo

Assíduos do shaker

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