11.06.2008

Danae, o nome que dei ao teu silêncio

Há dias em que me perco no teu silêncio. Abrindo os portões desse teu mundo aquático onde habitas em alga ou na própria corrente. Nesse infinito denso. Próximo e distante, ao mesmo tempo. Onde te deitas, nessa concha lisa que te resguarda mas nunca afasta.

Dias onde boiamos juntos. Sem direcção. Sem antes nem depois. Sem nada pensar. Arrastados, simplesmente, ao sabor do destino que nos uniu. Nessa estranha descoberta táctil para além do toque. Para além dos beijos. Para além das caricias.

Tu em peixe. Tu em mulher. Tu em Ninfa. Tu em Danae. Tu espalhada nesse silêncio. Sem nada dizeres. Oculta, mas tão presente. Nessa atenta envolvencia táctil. Que simplesmente se sente. Nas sombras. No movimento.

Há dias em que me perco no teu silêncio. Entrelaçado em ti de cheiros e sabores de mar. Em cores quentes que sobressaem desse vazio. Envolto nesse líquido fecundo. Nesse silêncio que fala. Que sussurra. Tanto, que nada precisas dizer.

Sabes? Conheço tão bem o avesso do teu silêncio.

2 comentários:

Leonor disse...

Lindo, meu caro, para não variar ... lindo!
E o quadro em cima é o meu quadro preferido do Sr. Klimt, há uma doçura naquela imagem que me agarra.

xin xin

Anónimo disse...

No silêncio podemos descodificar toda uma série de intenções, desejos, pensamentos... Assim como nos quadros sumptuosos de Klimt, que abrem a imaginação a diversas interpretações... Neste caso, há uma bem caricata acerca do significado das flores douradas nas pernas de Danae ;)

Assíduos do shaker

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