10.29.2008

Támu, a leoa sem maldade

Salvei-te da morte, ainda criança, mas foste tu que me salvaste. Sem o saberes. Ensinei-te tudo, mas ensinaste-me o que não se ensina e nunca se esquece. Partias em certas noites, no fecundo chamar da savana. Num cio. Num aproximar dos teus. Mas sempre regressavas. Como da primeira vez. Como todas as vezes.

Tinhas todos os instintos felinos Támu, mas faltava-te a subtil maldade natural da sobrevivência. A maldade com que te quis ver partir, sem realmente o querer. Para teu bem, Támu. Para que a vida te sorrisse por inteiro. Longe de mim.

Chorei um dia inteiro. De sol a sol. Ao ver-te partir para sempre. Assim, abatida por mero recreio dos Homens. Esses sim impregnados de mal. Enterrei-te junto à acasia imponente. Onde o sol continua a bater à hora da sesta. Lembras-te das sestas Támu? Onde os meus olhos sempre se perderam. Onde ainda se perdem, por momentos mais ou menos longos, àquela hora secreta. Onde a planície procura o teu espreguiçar atlético e os dias passam. Sem pressa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Conheço muitas Tamu sabes?

Tinhas razão, fiquei de coração nas mãos.

As coisas mais lindas não se querem feitas á pressa.

Beijo.

Assíduos do shaker

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