10.23.2008

Cultura Empresarial

Mudei muito recentemente de piso de escritório, para passar a usufruir desse fantástico conceito que dá pelo nome de “open space”. Não sendo, em si próprio, uma novidade pessoal, passei a partilhar intimidades e vivências com mais uma empresa do Grupo e um conjunto alargado de novas pessoas e "espécies" dessa coisa fantástica que é a flora empresarial.

Entre o “galinheiro” inimaginável de meninas, palavras das minhas colegas (as mulheres são mesmo terríveis), que andam em êxtase por se matarem a trabalhar e verem as outras “criaturas” a ver se o tempo passa, calhou-me um “aparente” pacato vizinho.

Com idade para estar já reformado mas (ao que parece por vontade própria, ou talvez esquecimento) permanece na empresa, normalmente a ler o jornal ou a contar à sua colega os resultados dos seus exames médicos, o que almoçou ou outros temas tão ou mais interessantes. Poupo-vos a pormenores.

Tal facto não seria de todo relevante (até pela minha elevada capacidade de abstracção) não fosse o facto, desta semana, o dito sexagenário ter começado a fazer contactos telefónicos com dois pequenos detalhes, que combinados, se tornam no mínimo irritantes:

1. Ser surdo que nem uma porta, levando-o, não só, a berrar por toda a sala, como também (ao que aparenta) conseguir ficar a falar sozinho largos minutos sem o perceber.

2. Usar termos, tempos verbais e expressões hilariantes (que já ninguém utiliza) aliados a uma entoação algures entre o barroco medieval e um auto do Gil Vicente (desculpem mas não consigo qualificar por palavras).

Já pedi delicadamente se não se importava de tentar (reforço o termo delicado) falar um pouco mais baixo, alertando para o facto de existirem outras pessoas na sala e também efectuarem recorrentemente telefonemas, mas parece que não está a resultar (será que ele ouviu?)

Acho que as minhas colegas (a julgar pelo ar mais calmo e lancinante dos olhares) estão já a ultimar os detalhes da contratação de um serial killer que extermine definitivamente as “moçoilas vegetativas” do lado mas, dada a sua fixação entre elas, temo ainda não terem notado no “outro problema" e não o terem incluído no pacote. Aceitam-se sugestões.


Antecipadamente grato,
A gerência


6 comentários:

Anónimo disse...

Já me fizeste dar uma gargalhada pela manhã.

É bom sinal.

Um beijo

Leonor disse...

Meu caro,

Antes de qualquer outra tentativa de resolver "O" problema, esquece lá as colegas, por regra, "gaijas" só se preocupam com "gaijas" ...:)

Quanto ao Senhor, lamento, parece que já vive naquela avançada idade em que foi atacado não só pela surdez e pelo gosto especial de falar das maleitas próprias, mas também por aquela indiferença própria do entra a cem e sai a cento e cinquenta que alguns julgam ganhar com a idade ... será?
xin xin

Andrómeda disse...

Ofereço um sniper imaginário com muito boa pontaria (tipo, podes estar a abraçar o sexagenário e não ter medo de levar com uma bala por engano, porque ele é de facto milimétrico na sua precisão), paciência interminável para esperar pela melhor oportunidade e grande poder de fogo (só ainda não me decidi qual é a arma). Serve? :P

Anónimo disse...

também eu já me ri que nem uma perdida...
não diria que as gaijas se preocupassem só com elas, mas se o dito sexagenário não as afecta, se calhar estão numa de deixa andar. Para melhor comunicares com o senhor, visto que verbalmente não resultou, sugiro que efectues o pedido para ele falar mais baixo em sinais de fumo ou então naqueles sinais usados na legendagem de programas televisivos para "pessoas com dificuldades auditivas"... Talvez assim vá lá.

Sandrine disse...

Obrigada pela discrição... sinto-me muito melhor no meu open space povoado por 4 pessoas!!! :)

Espero que o ruído diminua...
S

Dry-Martini disse...

Obrigado pela solidariedade mas continuo a temer que seja manifestamente insuficiente.
Estou a pensar seriamente em raticida no café :)

XinXin

Assíduos do shaker

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