8.05.2008

Avareza em fumo negro

A aranha trepa meticulosamente a frágil teia da tua alma. Só ela conhece os teus meandros fechados a sete chaves. Porque ficou lá desde que os fechaste. Nunca mais viu a luz do dia. Cheiras a mofo e a escuridão, aí dentro. Há muito que o sol deixou de te querer beijar a pele. És pálido e as tuas olheiras sentem-se em quem de ti se aproxima. Tens as extremidades mirradas do pouco uso que lhes dás. Os lábios secos de nunca beijarem. As pontas dos dedos comidas de nunca se darem. Os pés encolhidos de nunca irem ao encontro de ninguém.

A antítese do prazer é o teu único prazer. O ter. Melhor, a simples hipótese de ter. Sem nunca o concretizar. O ter em teu ser. Espalhando este negro viscoso que te cobre e apaga qualquer necessidade. Um crude espesso que sufoca qualquer vontade. Onde nada respira. Pensas a fundo cada passo. Cada acção. Tudo achas um desperdício. Gostas do som do dinheiro. Do seu tilintar.
Do seu brilho que te ofusca o negro indiferenciado do teu ser. Escondes-te. Arrastas-te no mundo. Amorfo. Negro. Sou AVAREZA, e estou em ti.



Capítulo Quarto: Avareza, escrito em parceria com Andromeda-News

3 comentários:

Rosa disse...

Eu não gosto de aranhas. Nem um bocadinho. Sei que isto não tem nada a ver com nada, mas pronto, olhe, não gosto de aranhas! :)

Dry-Martini disse...

Menina Rosa, a parte das aranhas é da responsabilidade da minha amiga Andrómeda. Os seus gostos parecem-me, à primeira vista, bastante mais refinados. Espero apenas que não goste de ser forreta, mesmo depois de férias :)

XinXin e bom regresso .)

Maria Manuela disse...

Eu aranhas, não obrigada...

:-)

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