Enrolaste-te na minha respiração com a tua lentidão vertical. Como que levitando uma tranquilidade inatingível. Só possível com a experiência da idade. Que aos poucos se apoderava de mim num eco interior. Aos poucos, a tua presença espreguiçava no ritual clássico do inspirar e expirar.
Foste outrora o espião perfeito. Belo e delicado. Enviado pelo Rei dos mares numa sombra mutante. Camuflando, talvez, a tua beleza fulminante. Protegendo-a dos olhares indefesos. Vestido dessa farda híbrida. Absíntica. Delicoespinhosa. Inventei essas palavras Hellington. Perdoa-me. Mas não há palavras possíveis para descreverem essa tua forma fugaz. Uma presença que se sente sem se ver.
Vimo-nos estáticos como medusas petrificadas. Apenas com o movimento do olhar. Como quem se estuda ao milímetro, num respeito silencioso. Agitando histórias ensurdecedoras, de não reveladas. A tua cauda enrolada, Hellington, é o meu dedo no queixo. Tentando perceber toda a sabedoria contida no teu olhar.
8.03.2008
Sir Hellington, o cavalo marinho
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2 comentários:
Se era este o enigma...adorei! E as palavras inventadas também :P Aliás, isso deu-me uma ideia ...
Minha cara Watson anda a perder qualidades. O enigma não era este :)
Mas fico contente por ter gostado do Hellington .)
XinXin
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