12.11.2007

Claridade e escuridão

Escuro. Dava-se cada vez melhor no escuro. Na ausência. No nada.
Nada já lhe interessava. Nada o comovia. Nada.
O mundo fora perdendo cor e a luz tornara-se, aos poucos, insuportável. Perdera a vontade dos dias. Apenas tacteando os silêncios frágeis da noite. Vazia. Protegida. Sagrada.
O seu corpo tornara-se uma casa inabitada. Inóspita. Apenas visitada por um vácuo antigo que lhe fortalecia os sentidos. Tornando-o num predador de silêncios. Via no escuro a tinta invisível dos dias, protegida dos olhares. Uma inocência perdida, evaporada com o calor do sol. As falsas verdades. A coragem adiada. Os valores esquecidos. Também pairavam no negro enxame do escuro. Na transpiração do dia acabado. Cansava-o essa predisposição pois tornava-o seu escravo. Era, no entanto, apenas o que lhe restava e o prendia a este mundo de claridade e escuridão.

3 comentários:

Andrómeda disse...

É por estas e por outras que eu tenho inveja sua. Tá a ver? Porque é que escreve tão bem? Hãã? Diga lá! Mas porquê???!!! :)

Dry-Martini disse...

A mentira simpatica fica-lhe bem .)

Andrómeda disse...

Mas qual mentira? a falsa modéstia fica-lhe mal :P

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