11.30.2007

O inquilino II

Ali estava diante de mim. Imponente. Altivo. Marcando a sua distância volátil numa imobilidade de estátua. Apenas marcava a sua presença no seu respirar ofegante daquele final de tarde fria.

Parecia calmo. Mostrando-se numa espécie de lago gelado. Reflectindo-se de tudo. Protegendo a sua aparição. Frágil. Pronto a quebrar a qualquer momento.

Fitava-me com os seus olhos enormes de noite sem fundo. Infinita. Absorvente. Misteriosa. Guardiões de outros mundos. Observámo-nos mutuamente numa claridade venenosa de desconfiança e respeito. Numa aproximação ténue a testar terreno.

Desapareceu num raio de luz nunca visto. Intenso. Deixando a percepção da fuga no voar dos pássaros e num trovão de relincho cortante que perdurou até ao cair da noite. Choveu e em cada gota espessa senti a sua presença.

1 comentário:

Andrómeda disse...

Espero que este encontro belo com o seu inquilino tenha produzido resultados :)

Assíduos do shaker

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