2.04.2007

Japan thoughts

O tempo passara. E com ele as tuas memórias. Assentaram, como flocos de neve no telhado, derretendo, aos poucos. Aparecendo apenas, teimosamente, em pingos nos beirais. Gelando o corpo ao esbarrar numa imagem, cheiro ou lugar. Mas aos poucos também elas adormeceram, ainda que num sono frágil.

Fugíramos porque nos consumíamos. Ambos o sabíamos. E eu escolhera o silêncio como vírus aniquilador. Desde a tua partida não tivera qualquer notícia. Apenas soubera que tinhas escolhido o Oriente. Talvez pela distância. Talvez pela imagem do país do sol nascente. Estou em crer que pelos dois motivos.

Num dia de tranquilidade inofensiva, presságio de problema, eis que me deparo com um telefone de hotel e um “parece-me estar bem, não lhe queres ligar?”.

Passado duas semanas, liguei. Apetecia-me saber da luz que entrara em mim e viajava agora distante, em túnel infindável. Do outro lado do telefone, uma língua estranha, imperceptível, quase cantada, foi cortada pelo som metálico do desligar.

Talvez noutro dia, não esta noite.
Continuação ao post "Néon"

2 comentários:

Andrómeda disse...

O senhor tem uma tara pelo Lost in Translation, tem...tem...:)

Dry-Martini disse...

Sometimes I'm lost in translation...

Assíduos do shaker

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