Pois é, parece que atingi o pico da curva. Foi boa a viagem. Rápida, é certo, mas sempre intensa e com muitas surpresas. Sempre a escalar, a subir, até aqui. Sem pensar nisso, cá estou, em cima, no ponto de inflexão. De braços abertos e olhos fechados. Sentindo o momento, o ar frio na cara e os raios de sol a aquecer-me a alma bronzeada. À espera do impulso para me fazer começar a descer.
Tem sido bom andar por cá. Tem sido bom cruzar-me com tantas pessoas fantásticas. Tem sido bom saborear muitos momentos. Como se fossem os últimos ou os primeiros. A vista é boa, olhando para trás.
Vou agora iniciar outra fase. O percurso descendente. Sem dramas, saudosismos ou melancolias. Apenas com o mesmo espirito de viajante. Com o sabor maduro da idade. Mais calmamente, espero, não demasiado. Náo perdendo nunca a jovialidade da descoberta, a criança, o sonho e a loucura dos impossíveis, o humor, os sorrisos, a intensidade e a surpresa que sempre quererei que me acompanhem até ao fim. Seja ele quando for.
Espero que a viagem continue a ser boa. Espero chegar ao fim da curva sem pensar muito nela, assim de repente, quanto tiver de ser, e continuar, até lá, a ter boas vistas como esta, daqui. Fantástica, no cume da curva. No cume da idade.