O silêncio estranho de certos lugares desprovidos de ti. Como que um eco distante. A beleza delicada da caligrafia [a que poucos reparam], que me desenha os teus gestos inimitáveis, devagar. Redondos. Esguios. Movimento a movimento. Pausa a pausa.
Um gesto mais demorado, remexendo a memória. A tua imagem numa dança clássica. Em pontas, elevando-se, lentamente, numa beleza insuportável. Insuportável, ao ponto de levar a fechar os olhos com força. Cerrados, para te dissipar para um lugar mais distante.
Um pestanejar feito de pedra no charco. Agitando esse lago espelhado do teu ser, que conheço de cor: corpo, alma, envoltos num lume lento até te fazer cinza. Afastando-te na ondulação. Sabendo que voltas como uma maré. Sabendo que permanece o desejo. Sabendo que não mais te quero ver.
3.25.2009
A barca de cinzas
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3 comentários:
Aiiii
Queres, não queres... o dilema insustentado em cada linha...
(já pareces um Balança, lol)
Beijinho
p.s. - Veja lá se me arranja alguma coisa melhor que o Tino, que já ando desaTinada qb :P
Mas quem lhe disse que este texto é autobiográfico? .)
XinXin
vês como tenho razão?
:)
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