3.22.2009

Nasca, o colibri siamês

Conheci-te num dia quente de Primavera: longe de tudo, longe de todos, longe de mim. Longe. Que longe estava de ti.

Apareceste no meu percurso no teu pequeno porte subtil, de aparência inofensiva. E numa rapidez ágil, vinda do nada, mudaste tudo. Tomaste-me, de assalto, o olhar.

Quando o percebi, já era tarde Nasca. Tarde demais. Sem nada poder dizer ou fazer apoderaste-te de mim, na tua delicadeza estranha. Próxima, gémea, siamesa. Colada demais aos meus olhos para te poder arrancar.

Uma imobilidade estática que partiu para dentro de mim. Quente, colorida, de aromas florais.

Passas-te a povoar-me com o néctar dos teus beijos, que alastravam como um incêndio incontrolável. Que polinizavam um mistério na pele queimada, pelo desejo de te ter, entranhando-te no sangue, misturado em mim. Aumentando a pulsação ao limite de ter de te deixar.

Fazia-me mal o tanto que me sabias bem Nasca. Sugaste-me tudo. Tudo, menos esse desejo doentio. Beijei muitos depois de ti, mas nunca senti essa cor estranha e familiar, algures entre o toque e o olfacto. Entre o mar e o céu. Essas linhas de Nasca que me prenderam a ti. Que me amarraram.

Nunca mais te vi. Nunca mais te quis ver. Nunca mais voltaste. Nunca mais. E apesar de viver, todos os dias, sem te ver, sempre serás um mistério. E apesar de viver todos os dias, todas as flores morreram para sempre. Irrecuperavelmente. Para sempre, depois do teu beijo.

2 comentários:

© disse...

continuo sem encontrar as palavras para exprimir o quanto eu gostei . está comigo desde ontem…
e a tela continua a ser pintada com todas as cores.
everything will flow….
mais um beijo.
:)

© disse...

tarde demais
:D

mais um bl

Assíduos do shaker

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