3.31.2010
3.30.2010
Mel
3.29.2010
Serviço Público*
3.28.2010
Comédia grega ou chamem a bruxa sff
3.27.2010
Palavras pequenas
3.26.2010
3.23.2010
Cansaço
Acordar com sono e cansado. Nadar 50 piscinas desafiando o cansaço. Tomar um banho quente até não conseguir suportar o calor. Gritar em silêncio. Afogá-lo ali. Sentir os músculos relaxados mas incomodados. Abrir e fechar os olhos repetidamente. Lava-los por dentro, por pouco apetecer ver. Olhar-se no espelho e ser assaltado por breves segundos: “algo me apunhala por dentro e foge sem o conseguir apanhar”. Não fazer a barba. Perfumar-se sem exagerar. Vestir uma camisa branca. Pegar as chaves do carro e sair. Colocar um CD que nunca se ouviu e se comprou, ao acaso, pelo grafismo da capa, já que é assim que se descobrem as coisas. Viajar sem destino, sem pressa, sem tempo ou hora marcada. Novo assalto, desta vez com pré-aviso: “mãos ao ar, tenho saudades tuas”. Quebra-se o vidro em mil pedaços, não o do carro mas o dos olhos, afinal mal lavados. Encostar na estrada do Guincho, junto ao mar. O vento a revistar o corpo, profanado, com as mãos frias por dentro da camisa. Acender um cigarro a custo. Uma voz a seu lado a perguntar-lhe do que queria falar. Não é preciso falar. Salpicos, trazidos pelo vento, espantam a voz, que não chegara a sê-lo, mas se mantivera ali, sentada, a olhar. É tão bom olhar. O carro com um cheiro diferente - resíduos da pólvora ou de ti. O peito furado com um tiro só agora apercebido, que se sente no calor do sangue debotado na camisa. De novo o cansaço com o alastrar da cor. O cansaço e o pôr do sol. E o sangue, a correr para o mar, de mãos dadas com esse cansaço e o pôr do sol. O CD já calado, mas com o barulho duma agulha de um vinil antigo e a voz, novamente sentada no banco do lado, a fazer festas no cabelo revolto, despenteado pelo vento, sem nada dizer, só a olhar. Olhar. Os olhos a fecharem-se, finalmente lavados. Apagados por um beijo dessa voz. O corpo esvaziado aos poucos, cada vez mais cansado mas em paz. Com mais luz. Branca. Mais branca que a camisa, mais branca que a fronha da almofada ou a espuma das ondas a embalar, a embalar. Dormir ao som do mar e de uma voz inaudível, ali ao lado, a olhar.
3.22.2010
Quando entro nos teus olhos
Quando entro nos teus olhos abraço-te e fico calado. Calado a ouvir-te, embalado nos teus sons de sereia, que me chamam e guiam baixinho, flutuando entre o toque da seda e o sol das tuas searas, seguindo um aroma de orquídea, que fiz meu, desde a primeira vez. Mergulho nos teus poemas escondidos e no escuro do teu oceano, iluminado por luas de prata, resgatando o azul que guardas fundo, descansando na luz apagada. De azul em azul sinto as tuas gotas de chuva, pairando, de quando em vez, deslizando da alma como lágrimas - antigas, feridas nas asas - cuja minha língua aprendeu a curar devagar, diluindo esse ardor de sal. Percorro com as mãos o avesso de ti e encontro sempre o caminho de volta, contigo a meu lado, nas tuas algas e teias que separo e limpo o pó. Parto o pão das nossas conversas que se seguem a esse silêncio calado, sempre quente, sempre fecundo. Quando entro nos teus olhos abraço-te e fico calado. Calado, tão calado, calando a tua boca na minha.
3.21.2010
Allegro Giocoso
3.20.2010
Captura impossível
3.19.2010
3.18.2010
Mais uma primavera
3.17.2010
De noite*
3.16.2010
No more...
No more running away
No more running away
No more running away
No more running away
No more running away
No more running away
No more running away
No more running away
No more running away ]
3.15.2010
Um poema por dia*
3.14.2010
3.13.2010
The hardest part
3.12.2010
Is that alright
3.11.2010
All beauty must die
Preciso de me recordar
3.10.2010
Antique
3.09.2010
O coração dos frutos
3.08.2010
Perfume de mulher *
3.07.2010
Silêncio fino
A single man
3.06.2010
A vida é que [ainda] não sabe
3.05.2010
Uma dor por aí *
* longo mas tão verdadeiro e impossível de ser retalhado