Quando entro nos teus olhos abraço-te e fico calado. Calado a ouvir-te, embalado nos teus sons de sereia, que me chamam e guiam baixinho, flutuando entre o toque da seda e o sol das tuas searas, seguindo um aroma de orquídea, que fiz meu, desde a primeira vez. Mergulho nos teus poemas escondidos e no escuro do teu oceano, iluminado por luas de prata, resgatando o azul que guardas fundo, descansando na luz apagada. De azul em azul sinto as tuas gotas de chuva, pairando, de quando em vez, deslizando da alma como lágrimas - antigas, feridas nas asas - cuja minha língua aprendeu a curar devagar, diluindo esse ardor de sal. Percorro com as mãos o avesso de ti e encontro sempre o caminho de volta, contigo a meu lado, nas tuas algas e teias que separo e limpo o pó. Parto o pão das nossas conversas que se seguem a esse silêncio calado, sempre quente, sempre fecundo. Quando entro nos teus olhos abraço-te e fico calado. Calado, tão calado, calando a tua boca na minha.
5 comentários:
lindo! ou melhor: lindíssimo! :)
amei.
bjo,
Tão bom...
belo, tão belo, belíssimo.
a tua escrita emociona(-me), sabias?
beijinho
Lindo. Lindo. Lindo. Perfeito.
Como vem sendo hábito, por aqui.
Um dom, escrever assim.
Um privilégio, poder partilhá-lo.
Obrigado, também gosto dos vossos olhos .)
XinXin
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