Se conseguisse descrever em palavras, ou capturar a luz da tua expressão a arranjares-te ao espelho [o esticar das pestanas, o ladear ténue e elevado do rosto à espera dos brincos, o entreabrir dos lábios, antecipando a cor do bâton], não precisaria de mais palavras, não precisaria mais de palavras. Esgotá-las-ia ali, nesse preciso momento, para todo o sempre. Esgotaria-as, por capturar a beleza, matando ali a poesia. Mas sabes? Não existem ainda essas palavras ou frascos para capturar esses gestos mudos de música e mel, que esboçam uma aguarela quente num voo ou num corpo esguio a nadar, a nadar, a nadar preso no meu olhar.
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