2.28.2009

Protege moi


Placebo, Protege moi

[ Protect me from what I want
Protect me from what I want
Protect me from what I want
Protect me Protect me
Protège-moi, protège-moi ]

Mágicos recantos

Mágicos recantos d'água e luz. Duma paz cálida, ondulando em vagens de silencios. Mágicos recantos de ruas de carvão, adormecidas num preto e branco de árvores despidas. Mágicos recantos de casas antigas, apalaçadas, que entranham histórias nos poros da pele. Mágicos recantos nocturnos. Fugidos do tempo. Fugidos de tudo, de todos. Mágicos recantos duma cidade deleitada em me aprisionar o olhar. Guardando seus quadros vivos, amarinhando por mim, como as tuas mãos frias. Que sempre me embalam, também. Que sempre me aquecem.


Desculpa-me o dia mau. Obrigado por me revelares esses mágicos recantos.
Um beijo imenso. Do tamanho do Douro. Com vista do Bogani.

2.27.2009

Brieffing terapêutico

Tenho uma amiga ortopedista/fisioterapeuta (que trato carinhosamente por "maquiavélica massagista") que abriu recentemente consultório próprio. Como sabe, que sou da área de Marketing, perguntou-me:


- O que é que sugeres para promover, de uma maneira diferente, os meus dotes profissionais?
- Humm... assim à primeira vista, sem pensar muito no tema, tenho uma sugestão infalível.
- Ai sim. Qual? Conta... conta...
- Conseguires pôr homem mais entravado, ao cimo da terra, direito por uns miseros segundos e publicitares esse feito histórico.
- Pois sim, mas quem? Alguma ideia?
- Logicamente. O David Caruso do CSI.
- És mesmo parvo.

2.26.2009

Portanto, façam favor...

Não estou lá muito bem. Nada famoso mesmo, na minha reservada descrição e confessa adversão ao queixume. Algures entre um “assim-assim” (mais prolongado que o costume) não chegado a roçar o “chocho” (porque assim não o permito). Apenas não estou muito bem.
Para quem perguntou está assim respondido, para quem não me consegue ler nas entrelinhas está tudo dito. Pronto. Agora, já que é oficial, façam favor de mandar muitos miminhos. A gerência agradece e promete recompensar, logicamente, os melhores.

2.25.2009

Querer

Quero-vos bem. A todos os que quis e fiz verdadeiramente próximos. Ou que me quiseram. Não muitos. Falo dos verdadeiros. Dos mais simples e desinteressados. Dos mais apaixonados. Dos mais emocionados e dos mais divertidos. Quero-vos a todos. Bem. Pois nesse querer damos o melhor de nós. Sem defesas e sem fronteiras. Transparentes. Puros. Quero-vos bem. Um a um. Cada um à sua maneira. Unidos por este querer. Dos antigos aos recentes. Dos que vi crescer aos que, praticamente não conhecendo, conheço tanto. Dos presentes, aos que partiram para sempre. Mesmo os que magoaram pela distância. Pelo silêncio. Quero-vos o melhor. Acreditem. A todos. Sem nada querer em troca. Quero-vos simplesmente porque quero. Eu, que acho que nunca soube verdadeiramente o que queria. Porque é esse querer que me agarra. Que me prende, quando não sei se me quero já verdadeiramente. Quero querer que sim, que me quero. Mas, mais que isso, quero que saibam que vos quero. Muito. E há alturas em que me quero esquecer de tudo. Até de vós, que tanto quero. Alturas em que só quero simplesmente nada querer ou querer algo, por mais simples ou ínfimo que seja. Nunca quis muita coisa. Tento gozar apenas os momentos sem quase nada querer. Hoje quis, no entanto, uma coisa muito forte. Não para mim. E quis dizer isto. Ainda que camuflando-o, no plural masculino - esse querer - entre todos os que quero tanto. Um querer intenso e sentido, como todos os que gosto de ter. Um querer acreditar que só basta querer. Querer, essa palavra tão estranha para mim, que te quero entregar.


A melhor sorte do mundo M. é o que te quero dizer. É o que te quero...

Morrer é

Fernando Pessoa

2.24.2009

No more...


Cat Power, Crying, Waiting, Hoping

[ No more crying
No more waiting
No more hoping ]

Império dos sentidos

A maior dádiva são os sentidos
pois deles desprovidos
seriamos cratera inabitável
Presos a um corpo oco. Insuportável.

A maior dádiva são os sentidos
Esponjas vivas de emoções. Brilhos reflectidos
dum lume constante. Ofegante
Fogueira d'alma presente

A maior dádiva são os sentidos
Agitar de rocha e mar batidos
Libertando um sal de vidro. Moído
Cortante ou polido. Envolto ou despido

A maior dádiva são os sentidos
Mesmo que doam. Que gritem
Por mim falo, permitem?
Simplesmente agradecidos

2.23.2009

Lembro-me, às vezes disto

Pronto Tino, já te enviei a tese. Finalizada. Sem teres alterado uma frase, uma palavra, uma vírgula. Acho, sinceramente, que nem a leste nunca. Mas está pronta, não faz mal. Fi-lo por orgulho, não o sendo. Não para ti. Não para ninguém. Fi-lo para mim. Com a perfeição com que me proponho, sempre, fazer as coisas. Pois doutra forma não vale a pena Tino. De outra forma de nada vale. Fi-lo porque apostei comigo que a faria sem ti. E está feita. Vês? É curioso, como demorou tanto tempo e nada representa. Nada, Tino. Apenas mostrar que sou capaz de lutar pelo que acredito. Não estou contente. Não estou cansado. Não sinto nada. Nada. Lembrei-me disto. Lembro-me, às vezes, disto.



Uma criança quando entra para a escola perde para sempre algo maravilhoso. O pequeno deus selvagem que a habita é abafado. Celebra-se a entrada no inferno do mundo. A imposta distância a quem ama loucamente é um primeiro abandono imperdoável ao qual se seguirão na vida outros, como ecos. Ao aprender a escrever perde-se uma natural vivacidade no falar porque a gramática é uma prisão cheia de erros e de castigos. A criança começa a ser talhada, retalhada, para poder encaixar num buraco qualquer de uma sociedade indispensável. Eu sei que viver na pura alegria de uma criança é pedir demasiado. Eu sei que pedir para viver é demasiado. A escola ensina-nos antes de tudo a saber que viver inteiramente não é possível, que vamos ser destinados a ser isto ou aquilo, que a expressão "quero tudo" é uma criancice a ser destruída, uma perigosa inconsciência. Mas não é por razões teóricas que odeio as escolas. Talvez sinta ódio só por sentir medo. No jardim-escola tudo aquilo é uma balbúrdia assustadora quando as crianças são lançadas para o pátio onde se destinguem pela primeira vez os violentos e se determinam futuras vinganças. No liceu aprende-se a adular os professores, a ser mesquinho nas ambições, a guardar só para si o pouco que se sabe. É a escola do poder em larga escala. Na universidade as coisas parecem ir melhor porque já se está perfeitamente domesticado. É preciso escolher um curso determinado pelo acaso e passar de ano para ano como quem sobe uma escada para o calaboiço. É no emprego que nos tiram de vez a cabeça, um resto de independência, a capacidade de uma qualquer alegria. Os colegas são o inferno da idade adulta. Claro que tudo isto é indispensável e não compreende as crianças a sucumbir de fome e sede. Claro que há os bons e os maus professores, ambos a impor que se saiba o que eles sabem e mais nada. Claro que é um inestimável luxo haver escolas e poder aprender a ser útil e subordinado como um utensílio de caça. Claro que há empregos onde alguns escolhios se sentem realizados, ou nisso se enganam, o que é o mesmo. Pessoas que se confundem com produtos e serviços. Os sonhadores ficam obrigatoriamente desempregados e acabam mal. Está escrito com sabedoria divina que o reino dos céus pertence aos simples de espírito. Com a educação tecnológica acima de tudo alastra uma terrível cegueira e a bondade não se ensina.

Pedro Paixão

2.22.2009

2.21.2009

Roma

Riam, com a naturalidade física de um respirar. Numa cadente pulsação.

Olhavam-se muito. Para lá dos corpos, despidos. Para lá das carícias.

Mergulhavam fundo. Perdidos, nesse encontro próximo.

Amavam-se loucamente. Acesos no escuro. Exaustos.

Foi assim desde a primeira vez. Um amor aos pedaços de céu colocados na pele. Um amor improvável, nunca proferido mas sabido. Um amor na altura certa ou profundamente errada. Um amor pleno e intemporal. Um amor ao contrário. Um amor que só algumas pessoas percebem.

2.20.2009

So many things


Moby, Extreme ways


[ I had to close down everything
I had to close down my mind
Too many things to cover me
Too much can make me blind
I've seen so much in so many places
So many heartaches, so many faces
So many dirty things
You couldn't believe ]

2.19.2009

Temos pena

Sou uma pessoa tolerante e humilde. Até faço ouvidos moucos, algumas vezes, mas convivo bastante mal com prepotências e faltas de educação. Seja de quem for. Mais ainda quando vem de quem tem a suposta mania que é superior e exemplo de etiqueta e boas maneiras.

Por isso, vai desculpar, mas sempre terei uma resposta. Sempre. Sem necessidade de descer a níveis impróprios. Mantendo a calma. Mas sempre haverá resposta. Pois há limites que simplesmente não permito serem passados. A ninguém. A ninguém.

Por isso, temos pena. Acho que é esse o sentimento. Pena. Não por mim, descanse. Temos pena. Não muita, para ser sincero. Mas temos pena.

2.18.2009

Levitate

Let me dreaming, don’t you mind
Let me see what we can find
Someplace we'll derive

In a snowy bright of light
Or a caught of summer night
Just going in this dive

Let me dreaming, don’t ask why
Questions are an enemy
For something so alive

A strange kind of gravity
Never-ending memory
Presence, tranquilize

So take me in your case
I’ll keep you in my taste
In a wind called levitate

2.16.2009

6 escolhas

Por vezes, a coisa mais difícil é escolher. Querem ver?
[é para revelar um pouco as preferências músicais]


Melhores concertos presenciados:
1. Depeche Mode, Angel Tour, Pavilhão Atlântico, Lisboa
2. U2, Vertigo Tour, Estádio de Alvalade, Lisboa
3. Cranberries, Pavilhão Atlântico, Lisboa
4. Gothan Project, Campo Pequeno, Lisboa
5. Dead Can Dance, Teatro Lope de Vega, Madrid
6. Don Giovanni, Mozzart, São Carlos, Lisboa

Melhores álbuns estrangeiros:
1. Achtung Baby, U2 (1991)
2. The Glory of Gershwin, Various artists (1994)
3. OK Computer, Radiohead (1997)
4. Ultra, Depeche Mode (1997)
5. Mezzanine, Massive Attack (1998)
6. Coldplay, X&Y (2005)

Melhores músicas estrangeiras:
1. Enjoy the Silence, Depeche Mode
2. I'm Your Man, Leonard Cohen
3. Creep, Radiohead
4. All I Need, Air
5. Sympathy for the Devil, Rolling Stones
6. Stay, U2


Melhores músicas nacionais:
1. Estrela do Mar, Jorge Palma
2. Sempre Ausente, António Variações
3. Bemvindo ao Passado, GNR
4. Ainda, Madredeus
5. Endechas a Bárbara Escrava, Sérgio Godinho
6. De Azul em Azul, Rádio Macau


Melhores músicas brasileiras:
1. Esquadros, Adriana Calcanhoto
2. Lua, Caetano Veloso
3. Insensatez, António Carlos Jobim
4. Underwater Love, Smoke City
5. Gotas de Luar, Marisa Monte
6. Meia Noite, Edu Lobo & Chico Buarque


Melhores clássicos:
1. Fever, Peggy Lee (1956)
2. Heart of Glass, Blondie (1978)
3. Bette Davies Eyes, Kim Carnes (1981)
4. Drive, The Cars (1984)
5. Slave to Love, Brian Ferry(1985)
6. I Drove All Night, Roy Orbinson (1987)


Melhores bandas sonoras:
1. The Piano, Jane Campion (1993)
2. Pulp Fiction, Quentin Tarantino (1994)
3. Strange Days, Kathryn Bigelow (1995)
4. Romeo + Juliete, Baz Luhrmann (1996)
5. Hable con Ella, Almodovar (2002)
6. Lost in Translation, Sofia Coppola (2003)

Melhores músicas clássicas:
1. Moonlight Sonata, Beethoven
2. Chaconne, J. Sebastian Bach
3. The Four Seasons, Vivaldi
4. Lacrimosa, Mozzart
5. Adagio for Strings, Samuel Barber
6. Ride of the Valkyries, Wagner


Passo o desafio (confesso que foi o mais dificil) às carissimas:
1. Mlee
2. Nikky
3. (In)confessada
5. Sandrine
6. SF

Mas é extensível a todos os que tiverem vontade (e paciência) de escolher.

2.15.2009

Concerto



Oasis, I'm outta time


[ If I'm to fall
Would you be there to applaud?
Or would you hide behind them all?
'Cause if I have to go,
In my heart you'll grow
And that's where you belong... ]



Sim senhor, maninhos Gallager, não foi nada mau, nada mesmo ...

Desconcentras-me...

... como uma fotografia sempre presente
... como a vivência íntima, antiga, que não se encontra na gaveta
... como uma lenta e sedutora revelação

na minha pele, na nossa pele

2.14.2009

Telegrama amoroso

Decreta-se novamente dia de São Martinho: Castanhas, vinho e folga de amorzinho. É que nem em Gondomar já há pachorra para certos Santos. Ok?

Spead of Sound

Uma nota. Uma simples nota pode fazer tanto sentido. Sobretudo se lhe seguir outra imediata. Certa, precisa, insubstituível. E mais outra. Uma música crescendo lentamente. Em camadas. Encorpando, aos poucos. Ganhando vida. Densidade e profundidade. Ganhando sentido, à medida que se completa. Agora um ritmo. Um arranjo. Uma voz. Um a um. Parte a parte, dum todo, ainda não revelado. Um crescendo assombroso. Até atingir a perfeição sublime. Onde tudo faz sentido. Onde tudo desperta. Gosto de música e deste tipo de músicas. Gosto do seu sentido oculto adiado. Que estravazam, tantas vezes, a própria música.

2.13.2009

Curious

A vida é feita de oportunidades, até por aquelas que deixamos simplesmente passar



"Não há limite de tempo, podes começar quando quizeres.
Podes mudar ou ficar na mesma. Não há regras para isso.
Podes escolher o melhor ou o pior da vida.
Espero que escolhas o melhor da vida.
Espero que vejas coisas que te surpreendam.
Espero que sintas coisas que nunca sentiste antes.
Espero que conheças pessoas com diferentes pontos de vista.
E espero que vivas uma vida que te orgulhes.
E, se achas que não és capaz, espero que tenhas a força...
... para começar de novo"


- Goodnight Daisy
- Goodnight Benjamim


in The Curiouse Case of Benjamim Button, David Fincher


Acho que vou voltar a escrever sobre filmes. Sobre cinema. Sobre curiosidades a 5mm.

2.12.2009

Viagem

Tocas-me como música
Entranhada, por entre a pele
E prolongas-te inquieta
Numa saliva de sal. Num aroma de sol

Vives no calor adormecido
despertando no desfiladeiro do corpo
Incêndio maré
Lábio suspiro. Silêncio descalço

Cavalo alado ou navio âncorado
A escolha não me pertence
Parte ou descansa
Quando. Como quiseres

2.11.2009

Núvens em mim

As núvens passam. Lentas, brandas, alheadas. Num ritmo próprio, leve e incerto. Vapor de água pura, tomando formas. Mas continuam sempre, passando. Numa viagem mutante. Planando sem rede sobre nós. Para um local distante, desconhecido das pressas mundanas. Esquecido pelos olhares ocupados. Mas lá estão, atentem. Passando. Passando. Passando.

A mim? A mim levam-me, por vezes, com elas. No seu bailado de vento. Na embriaguez das formas vivas. Para longe. Para um longe branco. Um longe isolado. Um longe estranhamente próximo. Estranhamente tão próximo. Tão mais próximo de mim.

2.10.2009

Best of luck

Não te desejo sorte. Desejo-te toda a sorte. Toda. Deste mundo e do outro. Dos outros mundos de que tanto gostamos. Tenho a certeza que vai correr tudo bem. Tenho a certeza que vai correr tudo pelo melhor. Não tenho muitas certezas. Esta tenho-a, não me perguntes porquê. É que não é preciso ser médico para a ter.


Para uma amiga do peito. Para que, apesar de não gostar muito da expressão, continue a gostar muito dele e, se possível (já agora) um bocadinho de mim.

2.09.2009

Can you read my mind?

The Killers, Read my mind

[ Can you read my mind ?

Can you read my mind? ]

Também gostava de ir ver estes meninos, mas não vou poder

Quem escreve

Quem escreve tem sempre algo a dizer, mesmo que não o saiba. Algo para dizer aos outros ou a si próprio. Algo que, tantas vezes, parece nem vir de si. Que aparece, algures, num fragmento que cresce e exige um pensamento, uma vontade, uma fuga. Que exige asas ou rio para arder.

Quem escreve transporta sempre algo misturado no sangue, que lhe escorre pela tinta. Por vezes sem aparente razão. Algo que o emociona, algo que doi. Algo que tem de sair por necessidade. Porque tem de ser. E o tem de ser tem muita força.

Quem escreve tem tudo, por vezes, sem nada ter. Sem nada desejar ou desejando o impossível. Quem escreve absorve o mundo no respirar e devolve-o diferente, por mais subtil. Depurado. Dissolvido com parte de si.

Quem escreve tem música e quadros interiores. Tem quente e frio. Texturas. Sabores. Tem fome e tem paixão. Tem algumas certezas, poucas, e muitas dúvidas. É um etérno insatisfeito. Porque a escrita nada alcança. Só liberta. Acalma, um pouco, essa sede. Esse abismo sempre inacabado.

Quem escreve sente algo mágico que não pode dormir um segundo mais. Que rodopia, ao sol, num vasto campo de trigo. Até cair de tonto no chão. Deitado, de braços abertos para o mundo. De olhos postos no céu.

2.08.2009

Para sempre

Espera. Não te mexas. Deixa-me guardar-te assim. Assim, nessa simplicidade quase imóvel. Sensual. Deixa-me guardar-te para sempre. Sem dizeres nada. Assim. Sem te aperceberes sequer que te guardo fundo, dentro de mim. No sangue e na alma. Numa núvem. Algures, entre a pele e os lábios. Assim, tão perfeita que feres o olhar como um sol. Assim, para que te possa ver para sempre. Sobrevivendo ao tempo e a qualquer intempérie que sob nós se assole. Sobrevivendo a tudo. Para que te possa ver de olhos fechados. Para sempre. Sempre.

2.07.2009

Na fronteira da pele

Na fronteira da pele não há cães policias. Era isso mesmo. Na fronteira da pele. Onde eu acabo e tu começas. Onde eu passo de pecado em pecado. Deixo tudo e atravesso. Passo a linha e perco a calma. Na fronteira da pele não há polícia, não há controle.

Salmon Rushdie

Fez-se luz

Finalmente, e após anos e anos de viagens ao Porto, fez-se finalmente luz no eterno enigma da trilogia: Ponte da Arrábida, Ponte do Freixo e Circunvalação. Obrigado B. Eternamente grato pela explicação e pela Francesinha. Gosto do Porto. Gosto das suas gentes.

2.06.2009

Out of time

Apercebemo-nos que estamos, de facto, com falta de tempo quando, para além de voltarmos a percepcionar isto, verificamos que...


... temos dois livros novinhos, que estamos em pulgas para os devorar (literalmente), e continuam ali, espectantes e irritantemente, a olhar para nós;

... estamos há dois fins-de-semana sem conseguir fazer o tranquilizante e revigorante jogging matinal da praxe;

... temos cinco filmes no cinema, e para aí uns dez em DVD, para ver e ainda nem sequer conseguimos vislumbrar quando vamos conseguir ver o primeiro;

... não consegumos escrever umas linhas decentemente nem responder devidamente aos comments dos nossos queridos leitores ;

... estamos há três dias, completamente alheados deste mundo, sem ouvir notícias ou ler um único jornal (pensando bem este até pode ser bom);

... lembrarmo-nos de certas pessoas, de quem temos saudades e nos apetece falar, e não conseguimos um breve momento tranquilo para fazer um telefonema ou enviar um email;

... quando temos a noção de que o maior luxo que nos temos dado ultimamente é o de ainda conseguir respirar tranquilamente.

2.05.2009

Dois em um

Não sei se gosto mais das pessoas que me fazem sorrir se das que me fazem gostar de as fazer sorrir. Acho que gosto das duas. Do calor das cores desses sorrisos. Dos seus brilhos que perduram pelo dia fora. Acho que gosto, ainda mais, quando as duas pessoas são uma só.

2.04.2009

(Des)Tino

Eu devia ter confiado mais na intuição que me dizia que a parecença entre o meu (des)orientador e o Tino de Rãns deveria, de facto, querer dizer alguma coisa.


Pergunta da colega (curiosamente loira): Como posso traduzir o questionário original do investigador para ter a maior fiabilidade e sentido na nossa língua?

Pensamento para com os meus botões: Se não percebes inglês talvez fosse interessante, inscreveres-te num curso intensivo, recorrer a um dicionário ou pedir a alguém conhecido para te dar uma ajudinha. Mas concerteza que o Tino terá uma ideia melhor

Resposta do Tino (em tom triunfante de iluminado): A melhor maneira de traduzir um questionário original, enviado pelo investigador do estudo, seria utilizar uma metodologia reflectiva.

Pensamento para com os meus botões: Que bonito Tino! (metodologia reflectiva, conheço). Mas já agora explica lá à menina sff.

Tradução do Tino (cognomo: o iluminado): Traduzir da língua original para Português e depois de Português para a original. Se o resultado for idêntico a tradução está bem feita.

Pensamento para com os meus botões: Pois sim! Fantástico Tino! És o máximo!!! Mas sabes, apesar da tua sapiência desmesurada e metodologia científica inabalável, eu cá na minha humilde modéstia (mais pragmática), prefiro mais fazer as coisas bem logo à primeira. É que sabes Tino, prezo muito o meu tempinho.


É assim o (Des)Tino...

2.03.2009

Found a reason

Cat Power, I Found a reason



[
Oh I do believe
In all the things you say
What comes is better than what came before
And youd better come come, come come to me
Better come come, come come to me
Better run, run run, run run to me
Better come ]

2.02.2009

Reflexos de vida

Há acontecimentos que mudam todos os acontecimentos até então vividos. Que nos retiram o chão, outrora sólido e firme. Transformando-o num gelo frágil, instável, pronto a quebrar em todas as direcções. Há acontecimentos que mudam a perspectiva. O paradigma.

Nunca absorvas a totalidade da verdade ou da mentira, pois o tempo se encarregará de as atraiçoar. Há coisas que nunca se hão-de compreender até se passar realmente por elas. Por mais que nos alertem. Por mais que as conheçamos a fundo. Há acontecimentos que têm a estranheza de mudarem a vida para sempre. De lhes trocar a direcção. Num breve momento, Por vezes imperceptível, naquele instante. Sem que nos apercebamos da sua real importância. Das suas consequências. Tantas vezes irrecuperáveis.

Há acontecimentos que simplesmente deveriam poder ser vividos uma segunda vez. Ou noutra altura. Onde tudo seria tão diferente. Com a consciência da primeira. Com a segurança do tempo. Com maior preparação. Com o poder de os podermos apagar ou voltar a escrever de novo. Com o poder de os podermos modificar. Há acontecimentos que parecem pré-definidos ou pré-destinados, outros completamente casuísticos. Ambos, tantas vezes, assustadoramente incontornáveis. Desprovidos de sentido, no "ter de ser" dos seus reflexos.

Desde quando a vida tem sentido? Desde quando controlamos o que quer que seja? Desde quando?

Aviso de navegação

Isto de seguir super atrasado para uma reunião importante, e confiar, à risca, nas instruções do GPS, numa aldeóla recôndita do país profundo, pode levar a:

1. ficar com a viatura quase imobilizada num “carreiro de cabras” e ter de ter de fazer marcha-atrás para conseguir tirá-la, a custo, do local;

2. concluir que talvez não tenha sido a melhor ideia sair da viatura para saber algumas indicações (a avaliar pelo pretenso estado de embriaguez do interlocutor, pelo dilúvio de chuva quase imediato e pelo estado lastimoso dos sapatos);

3. ser olhado, pelos locais, como um extraterrestre (apenas faltando a música da twilight zone).

2.01.2009

Temos

Temos olhos. Temos tacto. Temos os silêncios mais sonoros.
Temos lume. Temos sangue. Temos a pressa de despir. Temos tempo.
Temos lábios. Temos sexo. Temos mãos. Temos mil carícias e falta de ar.
Temos música. Temos asas. Temos braços e abraços.
Temos sede. Temos sal. Temos mar. Temos ondas e embalo.
Temos íman. Temos lua. Temos fome de bichos. Temos medo de pensar.
Temos estrada. Temos repouso. Temos memória antiga.
Temos frutos e pecado. Temos imagens. Temos cheiros. Temos palavras.
Temos sorrisos. Temos feridas. Temos saudade.
Temos sono. Temos atenção sublime. Temos nuvem. Temos paz.
Temos torpor. Temos álamo. Temos ânsia de momento.
Temos rio. Temos viagem. Temos sol e temos chuva.
Temos vinho. Temos seda. Temos pétalas de papoila.
Temos brilhos. Temos dúvidas. Temos dádivas e vontades.
Temos algo muito estranho. Temos mistério. Temos magia.
Temos o que se deseja ter e nem sempre se tem.
Temos tudo sem quase nada. Temos tanto.
Temo-nos, assim. Tendo-nos, com esta vontade.
Com esta vontade em nos termos sempre mais.

Assíduos do shaker

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