7.18.2012

Writen in my blood


Não escrevo há muito tempo, e no entanto a escrita permanece-me, constante. Destapa os ouvidos ao calar da noite, e ali fica como um búzio alado, soprando na cara baixinho, lambendo as feridas ou puxando a mão para um campo de searas, onde passeiam ao vento imagens, frases, sons. Mesmo sem caneta ou aparente alento ei-la ali, especada, como um cão fiel ao seu dono, olhando-o imóvel, à espera de um assobio ou afago. 

Não escrevo há tanto tempo, talvez por respeito a esse pesar ou chamamento, a essa maré que sempre me regressa e me busca, ora desenrolando novelos indeléveis e quase indecifráveis, ora atirando pedras que estilhaçam abruptas nas janelas e ecoam por muito tempo. 

Não escrevo há tão pouco tempo e no entanto parece tanto... Quando assim acontece é como acordar de um sono que nunca se chegou verdadeiramente a dormir ou a recordar ofegante uma vida que não se chegou verdadeiramente a correr, como quem recebe uma estranha parte de nós que esteve ausente por parte incerta mas sempre nos pertenceu e sempre nos pertencerá.

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