6.26.2012

Doze moradas do silêncio


Envolver-me 
na mais obscura solidão das searas e gemer 
Amassar com os dentes uma morte íntima 
Durante a sonolência balbuciante das papoulas 
Prolongar a vida deste verão até ao mais próximo verão 
para que os corpos tenham tempo de amadurecer 

...colher em tuas coxas o sumo espesso 
e no calor molhado da noite seduzir as luas 
o riso dos jovens pastores desprevenidos...as bocas 
do gado triturando o restolho....as correrias inesperadas 
das aves rasteiras 

....e crescerei das fecundas terras ou da morte 
que sufoca o cio da boca..... 
....subirei com a fala ao cimo do teu corpo ausente 
trasmitir-lhe-ei o opiáceo amor das estações quentes. 



Al Berto

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