Um menino sem abrigo, na rua e a minha filha a perguntar-me:
- Mãe, vamos levá-lo para casa?
E eu a dizer que não, que não é boa ideia, que ele não pode ir, porque tem uma família, uma casa. Porque não... E ela a insistir:
- Não vês que não faz sentido! Cabe lá em casa, no meu quarto, arranjamos espaço.
E eu a dizer que não. E aos poucos a aperceber-me da injustiça, das falsas desculpas, da contradição, das diferentes visões do mundo. Mundos diferentes. Estudamos muitos de nós, em média, mais de 10 anos para afinal nada saber, para questionarmos coisas tão óbvias, tão simples aos olhos de uma criança.
Abracei a minha filha e tive vergonha de mim.
Ligeiramente ficcionado de uma entrevista a uma realizadora brasileira
que infelizmente não consegui saber o nome