cai neve no cérebro vivo do imaculado - dizem
que estes milagres só são possíveis com rosas e
enganos - precisamente no segundo em que a insónia
transmuda os metais diurnos em estrume do coração
dizem também
que um duende dança na erecção do enforcado - o fulgor
dos sémenes venenosos alastra no brilho dos olhos e
um sussurro de tinta preta aflora os lábios
fere a mão de gelo que se aproxima da boca
o vómito da luz ergue-se
das palavras ditas em surdina
a seguir vem o sono
e o miraculado entra no voo dos cisnes
o dia cansa-se
na brutalidade com que a voz se atira contra as paredes
abrindo fendas
em toda a extensão das veias e dos tendões
quando desperta com o crepúsculo
o miraculado olha-nos fixamente e sorri
dá-nos uma rosa em forma de estilete - fechamos os olhos
sabendo que este é o maior engano
da eternidade
Al Berto
4 comentários:
não gostei lá mt do poema mas venho felicitar-te pelo blog renovado, mt melhor ;) boa noite
Castelo,
Os poemas são sempre muito pessoais e como diz uma ilustre conhecida "Os poemas não se gostam, sentem-se" e os do Al Berto são duma crueza que fere. Muito fortes. Obrigado pela sinceridade e pelas palavras .)
XinXin
As rosas são tramadas! :Þ
Rosita,
São, mas permitem milagres lá para os lados de Leiria :)
XinXin
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