Apaga a luz e sorri só para ti. Resguarda-te. Resguarda-o. Ninguém te alcançará, ninguém o merece. Ninguém. Não penses em nada. Limita-te a preservar esse esgar como uma onda vagarosa. Gigante, não de altura, mas de extensão interminável, por rebentar. Prolonga-o. Prolonga-a, não no tempo que passou tão rápido mas nesse pedaço de silêncio de que todos somos feitos. Não penses em nós, peço-te. Hoje não. Só por uma vez. Insisto. Lembra-te do cheiro que mora no interior dos livros e viaja numa frase ou numa imagem até onde ela te quiser levar. Dá-lhe a mão e senta-te num qualquer banco de jardim mas não chores. Hoje não. Concentra-te nesse sorriso que é só teu. A vida por vezes parece fugir-nos na estranha distância dum respirar fundo. Onde tudo parece ter morado. Até esse amor infinito que te dói tantas vezes nos dias frios e te faz cantar baixinho no olhar. Apaga a luz e sorri. Resguarda-te. Resguardo-te no meu peito, aqui. Comigo.
1 comentário:
Inspirador, lindo...
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