11.02.2012

Words like violence


Hoje as palavras não chegaram a ver o sol. Ameaçaram simplesmente, sucumbindo de imediato como neve sensível ao calor do papel. Palpitavam, soltas, na simplicidade universal do inglês, deixando pequenos rastos duma dança. Pegadas, aqui ou acolá. Nada de muito firme ou fácil de seguir, apenas frágeis fragmentos, intermitências que se sentem na pele. Hoje as palavras não deram as mãos, não voaram nem ficaram a assobiar pelo corpo. Tão somente cresceram como árvores caladas para o mundo, despidas de folhas e frutos. Soltando apenas, por descuido ou malvadez, uma espécie de grito extenso que espanta os pássaros, única prova da sua existência. Hoje as palavras morreram baixinho, longe da boca, ao relento do coração.


2 comentários:

Anónimo disse...

"Porquê?"... That's the million dollar question.
C

Ps: mas das que morreram pelo caminho nasceram estas daqui, que podem não ser as que querias (querias?) dizer, mas que ficaram muito bonitas. Pena serem tristes. Não desistas de procurar o querer das outras. Bjo

eMe disse...

As palavras nem sempre se dizem. Podem ser escritas, ou pensadas, ou sentidas, ou apenas silenciadas. O que não significa que não existam. Há muitas formas de as dizer, de as escrever, de as pensar, de as sentir e de as silenciar. Às vezes, precisamos das palavras dos outros para dizer, por outras palavras, o que não conseguimos expressar.
[15.11.2009]

Assíduos do shaker

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