A água quente cai com o mesmo barulho que a água fria e a sombra de todas as cores esconde-se num mesmo eco trémulo e vagaroso, que afugenta a matéria do olhar dando-lhe voz. Diluí dos objectos uma certa ferrugem macia, invisível talvez de improvável. Quase impossível, de tão distante do toque mas de passos tão chegados.
Os sussurros da noite são sempre um mistério indesvendável, assim como as tuas mãos que resgatam o calor do sol, aquecendo mais a alma do que a própria pele. Não sei nada para além do que sinto. Será muito ou pouco? Não sei. As crianças é que têm sempre a razão, até porque ela só nasceu adulta para tudo estragar.
Ando tantas vezes, assim, entretido à conversa com o silêncio, fazendo nascer palavras no ventre, que gatinham pelo seu próprio pé até à boca, até não se poderem mais suster. Até perderem o pé no meu corpo e nadarem, livres, para ti. Deixo-te, desta vez uma, colada na saliva de um beijo, ao ouvido. A que tu já sabes de tanto ta dizer de tantas formas. A palavra mais simples mas que apenas a ti te pertence.
3 comentários:
Comovente.
saudades de ler estes teus textos:)
adorei!
lufada de ar quente... fresco, ar, vento nos sentidos a despertar.
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