6.18.2010

Esquinas de mar

Escolhe-se uma varanda, acende-se um cigarro e levita-se para lá das nuvens, para lá da lua, mergulha-se para lá do tempo, para lá de nós. O mundo parece tão pequeno, insuficiente, as perspectivas transforma-se e fica-se mais leve, mais lesto, mais ausente. Vê-se a vida em câmara lenta. Recordam-se cheiros e imagens, fragmentos guardados e esquecidos, alguns que passaram despercebidos, outros sempre presentes, apenas à espera de um braço para os puxar. Tudo noutra velocidade, noutro tempo. Um oceano infinito inunda-nos e deixamo-nos viajar em movimentos de anémonas. O próximo parece longe, o distante uma sombra das nossas vontades, ainda imóveis, por descobrir. O mar também tem esquinas, mas sempre será vasto e cantará ao ouvido os seus caminhos.

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