O tempo é meu aliado, guarda os meus silêncios numa casa isolada, feita de folhas de Outono, a amarelecerem na memória, a desfazerem-se sopradas, para um ramo alto, longínquo, a diluírem-se no calor do horizonte. Com eles vagueiam também as palavras arrependidas, balançando ao vento, penduradas, que de soltas sem amparo, deixaram algumas pegadas difíceis de desprender, e as que, de ouvidas como lâminas, ainda doem nas cicatrizes.
O tempo é meu aliado, aprisiona tudo dentro da vista dessa casa interior, até que um pestanejar mais fundo virá apagar definitivamente o seu giz, transformando-o num pó que se sopra à varanda e nos deixa de visitar. Abrem-se de novo as pálpebras como um bater de asas leve, longo, deixando respirar o ar frio que aquece numa paz que fica a planar, que perdura tranquila, para além do tempo - o tal, que faz o favor de ser meu aliado.
1 comentário:
Ocorre-me deixar-te música. Lindíssimo texto, profundo.
http://www.youtube.com/watch?v=-Iiz4nGw8YQ
"Failure is always the best way to learn
Retracing your steps until you know
Have no fear your wounds will heal..."
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