12.05.2009

A primeira vez

Da primeira vez, que morremos, custa muito. Doí, no fundo da alma, e algo se estilhaça para sempre, dum vidro antigo, fino e moído, que nos corta os pés. Demora muito a morrer. Demasiado, como um balão a perder ar. Um ar mais quente, que nos foge e levita para alto, mal se esvai. Um ar que não se resgata mais, mesmo colando a mão à ferida, com muita força. Morremos lentamente, da primeira vez e depois morre-se todos os dias um pouco. Todos os dias se morre mais um bocadinho, mas já não custa nada, já não se dá por isso. Da primeira vez que morremos é que custa muito e nunca se esquece que já morremos um dia. Da primeira vez que morremos.

11 comentários:

(in)confessada disse...

e há mortes q parecem durar uma vida.




beijo confesso

Shadow disse...

hoje, dolorosamente belo e real.
bj

maria gabriella disse...

De nada (;
XinXin

Arisca disse...

Um dia a morte deixa de doer.
Nesse dia temos a certeza de que morremos de vez.

*um abraço

Anna Blue disse...

Belíssimo texto...

um perfeito estranho disse...

A primeira vez custa mais.
A primeira vez é sempre mais.

(Adorei o texto. Parabéns.)
Xin Xin

Nirvana disse...

Será que só custa mesmo da primeira vez?

Anónimo disse...

Gosto disto.

Mina disse...

um boa forma de ver a morte....gostei da ideia. A vida é uma morte prelongada. para quÊ ter medo de morrer?

Quase disse...

O que eu gostava de ter conseguido escrever "isto" no mês passado......
Brilhante, como sempre. E oportuno, mais uma vez :)
Xin Xin

P. disse...

...
< suspiro >

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