Da primeira vez, que morremos, custa muito. Doí, no fundo da alma, e algo se estilhaça para sempre, dum vidro antigo, fino e moído, que nos corta os pés. Demora muito a morrer. Demasiado, como um balão a perder ar. Um ar mais quente, que nos foge e levita para alto, mal se esvai. Um ar que não se resgata mais, mesmo colando a mão à ferida, com muita força. Morremos lentamente, da primeira vez e depois morre-se todos os dias um pouco. Todos os dias se morre mais um bocadinho, mas já não custa nada, já não se dá por isso. Da primeira vez que morremos é que custa muito e nunca se esquece que já morremos um dia. Da primeira vez que morremos.
11 comentários:
e há mortes q parecem durar uma vida.
beijo confesso
hoje, dolorosamente belo e real.
bj
De nada (;
XinXin
Um dia a morte deixa de doer.
Nesse dia temos a certeza de que morremos de vez.
*um abraço
Belíssimo texto...
A primeira vez custa mais.
A primeira vez é sempre mais.
(Adorei o texto. Parabéns.)
Xin Xin
Será que só custa mesmo da primeira vez?
Gosto disto.
um boa forma de ver a morte....gostei da ideia. A vida é uma morte prelongada. para quÊ ter medo de morrer?
O que eu gostava de ter conseguido escrever "isto" no mês passado......
Brilhante, como sempre. E oportuno, mais uma vez :)
Xin Xin
...
< suspiro >
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