Há quanto tempo não tocas a textura de uma árvore? Na sua imponência imóvel, transpirando sapiência, na sua indiferença para contigo, esmagando-te pelo seu tempo interminável, pela tua pequenez, em breve de todos esquecida.
Há quanto tempo não inspiras fundo, até à alma? O aroma da terra molhada e a paleta de aromas em teu redor? Há quanto tempo não perdes o olhar na vastidão do rio, arrepiado pelo vento, correndo a teu lado sem nada dizer mas dizendo-te tanto?
Há quanto tempo não te pintas das cores das papoilas ou dos jacarandás? Dos raios de sol? Há quanto tempo não admiras os desenhos deixados pelas patas de gaivotas despreocupadas ou o adiado levantar de um pato bravo rasante?
Há quanto tempo não andas a sós com os pensamentos? Não te deixas escolher por um trilho ao acaso? Não descobres um canto escondido, onde prometes voltar? Há quanto tempo não descansas dentro de um quadro vivo?
Há quanto tempo não sais, aconchegando o frio da manhã no calor interior? Há quanto tempo não regressas cansado das pernas mas leve no respirar?
Há quanto tempo não me sabia tão bem.
2 comentários:
Há demasiado tempo...
há quanto tempo nao viajas? e não sentes o prazer de uma nova descoberta!!!
há quanto tempo não arriscas, e pões tudo o que és naquilo que fazes....
salut!
rQuel
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