Entra com cuidado. Devagar. Não acendas a luz nem dissipes o silêncio que guardei para ti, pendurado, no meu tecto, para que se solte, lentamente, numa neve frágil. Cálida mas quente, tão quente.
Entra, de olhos abertos ou fechados. Tanto me faz, desde que não digas uma única palavra. Apenas quero os teus gestos. A tua voz conheço-a de cor, e mora algures por aqui. Entra apenas como sempre o fizeste. Com os olhos, com as mãos, com o cheiro e os lábios. Com os sentidos e a alma despida. Com o mar e o céu.
Entra e apaga esta espera, esta doença. Entra neste casulo que quer sentir borboletas. Entra. Em mim, devagar. Entra com cuidado. Com o cuidado de ficares por muito tempo.
2 comentários:
Tão sutil e ao mesmo tempo tão forte.
Parabéns!
Cheguei aqui sem querer e deixei-me ficar. Tenho lido e gostado mas este.. Este ficou, de maneira especial.
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