Se dum escritor a sério se tratasse, levantar-me-ia, de imediato, e dirigir-me-ia para a secretária, ou acenderia a luz, pelo menos, puxando o caderno de notas, propositadamente depositado à distância de um braço, para alinhavar ali, naquele preciso momento, a estranheza de tal aparição.
Mas, à inexistência desses dotes ou pretensões, aqui me encontro, tentando convencer apenas a memória a não me apagar, durante o sono, essa frase pintada [ou tela rascunhada?], para poder pegar nela, com a devida atenção, talvez amanhã [já que, também, acho mal não pegar nessas pseudo-ninfetas, que teriam por certo um nome muito mais pomposo e poético se se tratasse, lá está, de um escritor a sério].
Isto, entretanto, se adormecer, já que a dita [seja lá ela o que for ou se chamar] já ganhou corpo, galopando veloz na minha cabeça, cujo corpo clama por conseguir dormir, ao contrário se de um escritor a sério se tratasse, que daria, por certo, pulos de felicidade por tanta inspiração, mesmo que a altas horas da madrugada.
Acontecem-me muito, estas coisas, e quando a memória acede ao meu pedido [poucas vezes, refiro], visitam-me muito, durante o dia seguinte, em flashs ou ecos inesperados como que me lembrando duma tarefa pré-destinada, como que me levando mais peças dum puzzle enigmático, ainda por descobrir.
Não sei se isso acontece aos escritores a sério, mas também suponho que eles não meditem se valerá a pena levantar para ir beber um copo de leite quente para ver se o sono regressa. É que estou certo, que os escritores a sério, têm muito mais em que pensar.
2 comentários:
Deixaste-me com um sorriso... também vou beber um copo de leite morno quando o sono se espanta... :-))
(Mas fiquei irritada com aquele -se a mais... ainda mais que o escreveste bem à 2ª... que coisa! já não se pode confiar em alguém que escreve bem... :P)
Obrigado menina Nanny, uma leitora a sério .)
XinXin
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