8.24.2009

Ámoon, a pantera invisível

Decantavas o cair da noite nos teus movimentos sedosos de silêncio aprisionado. Não te davas a conhecer mas os meus olhos habituaram-se a encontrar os teus. Despidos, como não os mostravas a ninguém. Luas camufladas, habituadas a reflectir, para longe, o calor do sangue que tinhas para dar. Resguardados na tua maldade felina que ocultava uma dócil melancolia frágil. Subtil. Com brilho de poema e rasto de violoncelo, que me sobressaíam, do escuro denso com que te vestias do mundo. Tinhas a estética perfeição da arte nova e aquele respirar fundo das noites frias que fazia apertar o peito. Fotografei-te uma única vez, Ámoon, [ainda que a preto e branco, pois as cores apenas as sentia]. numa noite, talvez de defesas esquecidas, nessa tarefa impossível de captar a tua invisibilidade esguia de beleza cativante. Fizemo-nos confidentes, sem o sabermos, sem nada precisarmos de dizer. Sentíamo-nos próximos e isso bastava, vagueando por gestos e olhares. Á distância. Fotografei-te uma única vez, Ámoon, mas acho que sabes que te guardei para sempre.

4 comentários:

Paty disse...

Tens um selo no Maktub

Andrómeda disse...

Gosto sempre dos nomes que dás a estes animais de "estimação" :)

Dry-Martini disse...

Patrícia: obrigado pela simpatia silenciosa :)

Watson: Eu sei que gostas .)

XinXin

Anónimo disse...

A maneira como desenrola as palavras numa teia enigmática fascina-me *

Assíduos do shaker

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