6.06.2009

Ali, perto das águas

Movimento d’água. A distância. Sonoridades de jazz. Conversas intermitentes numa língua estranha. Uma bebida lenta. Os passos das pessoas. Fotografias ao acaso. Ruídos, rompendo a brisa breve. Turistas esgotando o tempo. Alegrias e tristezas presas em caras estranhas. E o movimento das águas, novamente, absorvendo a atenção. Ausência de pensamentos. De um fio condutor. Imagens desconexas. Sem ligação aparente. O tempo moderno passando ao lado de um cigarro que se acende e sempre se consome. O azul dos teus olhos num repentismo. Num arrepio das águas. Culturas e vivências diferentes. Misturadas na atenção das árvores imóveis. A vida em estado bruto, escorrendo para a vastidão marinha. Que tudo esmorece na sua ondulação. Que tudo apaga. A corrosão incolor do metal antigo, contracenando com o andar jovial de uma mulher bonita. Risos ecoando não se sabe bem de onde. Talvez de um grupo apressado. A geometria perfeita de um bando de aves. Unidas por assombroso mistério. As mãos, de fugida, passando nos cabelos. Um beijo de namorados. Talvez o primeiro. O tempo a desfalecer nas águas. Sem destino. Sem pressa. Sem antes nem depois. Saudades de me ir embora ou de ficar. Ali.

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