Gosto de espelhos venezianos e dos reflexos da tua dança que neles passou a habitar. Uma flamenca luta interior, que presinto. Que se alojou no ouvido atento. O bater dos teus saltos, de noite. Ora próximos. Ora distantes. Presentes como uma sombra pairando. Ocupando os espaços.
O teu andar, a estilhaçar os olhares que te fazem. A afasta-los a todos. Na distância felina de não te deixares alcançar. Todos. Menos o meu. Quando te olho vejo-te por inteiro. Sem máscaras. Nítida. Próxima. Numa gôndola que sempre te traz para perto. Perto demais.
Suave mistério, o que nos ligou. Guardo-te no interior dos espelhos. Nos venezianos, que são os mais charmosos para te guardar.
2 comentários:
Quero um espelho assim para mim...
adoro o que escreves.. estou rendida*
Enviar um comentário