Tão diferente o mundo sem pressa. Largar uma semente e aguardar a trepadeira a encaracolar. Os frutos carnudos, amadurecendo doces, por colher. Tão pequena a distância entre o santo e o assassino. Ao nosso lado. Diluídos no movimento. Um estranho pode ser tão próximo, sem nunca o descobrirmos. Por receio da irracionalidade, do ridículo. Tão diferente o mundo sem os seus ruídos superficiais. Destapando sonoridades marinhas. Presas a fios de algas. Num tempo de cabelos a envelhecer. Absorvendo histórias como esponjas. A morte sempre à espreita. Guardiã do etéreo. O momento é tudo o que existe ou existiu. Tão diferente o mundo sem palavras. Ou declamado em línguas diferentes. Distantes. Tão circular o que medeia entre um beijo e o esquecimento branco. Adiado, pelo que se baptizou memória. Um nome vão. Esticado. Tão diferente o mundo sem poesia. Sem perspectiva ou relatividade. A mudança toca-se constantemente e reinventa-se. Incessantemente. Até à exaustão. Tão diferente o mundo sem dejasvus. Sem o arrepio da música. Sem o calor do olhar.
2 comentários:
tão diferente mesmo...
mais um... tão bom! :)
Tão pequena a diferença entre a palavra e o silêncio. E, no entanto, faz toda a diferença. As tuas palavras. Os teus silêncios.
Obrigada.
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